Greve dos petroleiros começa forte no Paraná e Santa Catarina

Categoria exige o imediato cancelamento do leilão do pré-sal e melhorias na proposta da empresa

A paralisação por tempo indeterminado dos petroleiros do Paraná e Santa Catarina, iniciada à zero hora desta quinta-feira (17), começou com expressivos índices de adesão da categoria. Na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, cerca de 90% dos trabalhadores em regime de turno ininterrupto de revezamento aderiram ao movimento. No setor administrativo, a greve envolveu 70% dos funcionários.

O turno da Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, teve adesão total à paralisação. Já o administrativo contou com 40% de participação. Ainda no Paraná, o Terminal Transpetro de Paranaguá (Tepar) registrou 80% de trabalhadores em greve.

Em Santa Catarina também houve grande participação da categoria no movimento. No Terminais Transpetro de Biguaçu, Guaramirim e Itajaí a participação na greve foi de aproximadamente 90%, tanto do turno quanto do administrativo. Já no Terminal de São Francisco do Sul (Tefran), o índice de adesão foi de 80%.

Os petroleiros exigem a suspensão imediata do leilão de Libra, a maior e mais importante descoberta de petróleo dos últimos anos, que o governo pretende ofertar às empresas privadas no próximo dia 21.  Outro ponto central da greve é a retirada de tramitação do Projeto de Lei 4330, que sob o pretexto de regulamentar a terceirização, piora consideravelmente as condições de trabalho e ataca direitos históricos da classe trabalhadora. Além disso, os petroleiros lutam por avanços na campanha reivindicatória, cuja proposta apresentada pela Petrobrás no dia 07 foi amplamente rejeitada pelos trabalhadores.

Exaustão e contingente insuficiente
Como a greve começou à zero de hoje, o último turno que opera as diversas unidades da Petrobrás nos dois estados entrou para trabalhar as 15h30 de quarta-feira (16). Dessa forma, há trabalhadores com jornadas extrapoladas. Por se tratar de atividade industrial de alto risco, que exige grande concentração e perfeito estado físico e mental, a segurança dos empregados, das instalações e do meio ambiente está em risco iminente.

A companhia foi alertada com antecedência do movimento e não procurou o Sindicato para negociar o contingencionamento. A empresa também não toma medidas para reduzir a produção, o que aumenta os riscos.

No caso da Repar, muitos dos petroleiros que entraram as 15h30 de ontem (16) assinaram um abaixo-assinado onde manifestaram o interesse em não permanecer no posto de trabalho além da jornada contratual de 8 horas. Porém, a empresa só os liberou por volta das 08h30 desta quinta-feira, totalizando uma jornada de 17 horas ininterruptas.

O Sindicato recebeu informações de que há um contingente insuficiente e despreparado para conduzir a produção da refinaria. Há denúncias de pessoas não qualificadas operando setores, como é o caso do HRC (Hidrotratamento e Reforma Catalítica) e UTDI (Unidade de Tratamento de Despejos Industriais), onde nenhum trabalhador do local está trabalhando neste momento.

Nas demais unidades, a empresa tem forçado a sobrejornada, levando os trabalhadores à exaustão física e mental. O Sindicato reafirma sua posição de estar aberto às negociações para a composição de um contingente, mas até agora a empresa não se manifestou. O Sindicato buscou a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e denunciou as práticas abusivas empresas. Uma reunião entre o MPT, representantes do Sindicato e da Petrobras acontece ainda nesta quinta-feira, às 16h00, em Curitiba.