Greve de 48 horas: Petrobrás pressiona trabalhadores e embarca “pelegos” nas plataformas

Sindipetro-NF

Petroleiros que estão próximos do dia de embarque para plataformas da Bacia de Campos estão sendo assediados pela Petrobrás. O Sindipetro-NF recebeu informações dos trabalhadores de que representantes da empresa estão telefonando para suas casas. As chefias querem saber, individualmente, se o petroleiro vai ou não aderir à Greve que será realizada pela categoria nesta sexta, 30, e sábado, 31.

O sindicato adverte que esta prática é ilegal. A orientação da entidade é a de que o trabalhador não responda à chefia, uma vez que a decisão de aderir ou não ao movimento é uma questão de foro íntimo. A sua opção só será materializada quando a situação concreta for apresentada.

O NF entende que o trabalhador que tem embarque programado para os próximos dias deve se apresentar no seu local de embarque, e aguardar orientações do sindicato sobre a situação de desembarque na sua unidade.

Como o indicativo do sindicato é o de que os petroleiros a bordo só devem desembarcar coletivamente – não admitindo que a empresa escolha quem vai ou não desembarcar –, os petroleiros que estão próximos de embarcar devem aguardar a informação se haverá ou não o desembarque coletivo em sua plataforma.

EMBARQUES DE PELEGOS

O sindicato foi informado de que estão ocorrendo voos de “pelegos” com decolagem na base de Imbetiba, em Macaé, para diversas plataformas. A entidade insiste no chamado à consciência destes prepostos da empresa. O fura-greve é um dos mais nefastos personagens das lutas dos trabalhadores e ainda há tempo para muitos se decidirem se esta marca que querem para as suas biografias.

Petroleiros de P-07 informaram à entidade que uma aeronave operada pela BHS, prefixo CHK, fez hoje três desembarques seguidos de “pelegos” na unidade (seis voos sem interrupção), desafiando a própria segurança para garantir a produção a todo custo.

Também de P-07 chega a denúncia de que trabalhadores terceirizados estão sendo desalojados dos seus camarotes, removidos para MDA (Módulos de Acomodação), para dar lugar a empregados “pelegos” da Petrobrás, em clara situação de discriminação.

Mil e uma manobras contra o direito de greve

A Petrobrás está antecipando a situação de greve com manobras abusivas para constranger trabalhadores. Além do assédio aos trabalhadores que estão em terra, próximos do embarque (como noticiado aqui), a empresa está pressionando lideranças nas plataformas a anteciparem seus desembarques, para darem lugar aos “pelegos”.

O sindicato adverte que a greve ainda não começou, e que o trabalhador deve resistir ao assédio das chefias, discutindo coletivamente a situação. Se a empresa está antecipando o desembarque, então os trabalhadores devem exigir que todos desembarquem. A orientação do Sindipetro-NF é: “um por todos e todos por um”. A entidade não aceita que a empresa comece a selecionar quem deve e quem não deve desembarcar das unidades.

“Se um trabalhador for pressionado a desembarcar, deve dividir a questão com todos os seus companheiros. Coletivamente, os trabalhadores precisam colocar a seguinte questão para a chefia: ou desembarcam todos ou ficam todos”, explica o coordenador geral do NF, José Maria Rangel.

Operação insegura das plataformas P-54 e P-27 causou acidentes durante mobilizações do dia 09 e 25

O sindicato foi informado por trabalhadores de acidentes nas plataformas P-54 e P-27 nas duas últimas greves.

Na P-54, em 9 de agosto, os Técnicos de Segurança que estavam pelegando realizaram disparo acidental durante manipulação de cilindro de CO2. Na P-27, em 25 de julho, vazou sequestrante de O2, produto altamente tóxico, e foi inalado por quatro trabalhadores da hotelaria.

"Situações como essas são recorrentes nas greves e confirmam a irresponsabilidade da Petrobrás ao manter a operação das plataformas de forma insegura e atividades sendo desenvolvidas por furagreves." disse o diretor do Sindicato Francisco Tojeiro, que é lotado na P-54.