Meses após a privatização da distribuidora de combustíveis pelo governo Bolsonaro, derramamento de 100 mil litros de óleo diesel contamina rio e lagoa em Betim e Ibirité
A diretoria do Sindipetro/MG recebeu grave denúncia sobre contaminação ambiental por acidente na unidade da BR Distribuidora em Betim (MG), recentemente privatizada pelo governo Bolsonaro. O vazamento ocorreu na manhã de ontem (19), em acidente durante operação de bombeamento de óleo diesel no Terminal de Betim (TEBET).
O óleo vazado atingiu o Córrego Pintados, contaminando o curso d’água que percorre a área da Refinaria Gabriel Passos (Regap) até a Lagoa de Ibirité. Previsões iniciais contabilizam um volume vazado de 100 mil litros, o que representa mais de 3 vezes o volume de um caminhão tanque de combustíveis.
Equipes da Petrobrás que atuam no setor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Regap têm atuado na região, de forma a conter o vazamento. Os trabalhadores da estatal denunciaram a ausência de equipes da BR Distribuidora e a atuação descoordenada por parte da empresa recém-privatizada diante de uma emergência ambiental tão grave.
Privatização e crimes ambientais: uma longa história
Meses depois da venda da BR Distribuidora de uma forma totalmente questionável – por meio da venda direta de ações na Bolsa de Valores – o impacto da privatização da maior empresa de distribuição de combustíveis do país já pode ser percebido. Como ocorreu em outros casos recentes, empresas estatais sob risco de privatização – como a Regap, em Betim – são acionadas para atuar em tragédias protagonizadas por empresas privadas.
Em 2019, quando manchas de óleo surgiram no litoral do Nordeste e chegaram até o Sudeste, foi a Petrobrás que colocou toda sua estrutura para combater e controlar a contaminação ambiental. Em 2020, quando o estado do Amapá sofreu por três semanas com um apagão após falha em uma subestação privatizada, a Eletrobrás foi acionada para restabelecer o fornecimento de energia elétrica.
O acidente na BR Distribuidora remonta a outros tempos sombrios, quando o desmonte da Petrobrás promovido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso foi responsável por uma série de acidentes ambientais. A velha receita “sucatear para privatizar” resultou em grandes vazamentos de óleo no início da década de 2000, contaminando áreas de rios e oceanos: Baía de Guanabara (RJ), Tramandaí (RS), São Sebastião (SP) e Araucária (PR).
Em 2011, a gigante privada Chevron também foi responsável por um grande vazamento em poço de petróleo na Bacia de Campos. Além dos grandes acidentes ambientais no setor de petróleo, é importante relembrar dos emblemáticos crimes protagonizados pela gigante Vale, privatizada ainda na década de 1990. Brumadinho e Mariana representaram os maiores e mais dramáticos acidentes ambientais no período recente em todo o mundo.
Desmonte: Bolsonaro quer transformar a Petrobrás em uma Nova Vale
O Sindipetro/MG tem denunciado, desde o início do processo de sucateamento e privatização de setores da Petrobrás, sobre os impactos para a segurança das comunidades e do meio ambiente em regiões onde atua. A atual gestão da estatal tem vendido unidades operacionais com alto risco potencial de acidentes e reduzindo investimentos nos setores de segurança, meio ambiente e saúde.
O descaso com a questão ambiental, pauta prioritária de Jair Bolsonaro e de seu Ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, também tem encontrado eco na gestão da estatal. Em 2019, a Petrobrás anunciou o fechamento das suas bases de Centros de Defesa Ambiental (CDA’s), inclusive em Betim, na Refinaria Gabriel Passos. Além disso, a empresa iniciou no último ano um processo de terceirização de suas equipes de emergência, com a redução de técnicos experientes nos seus efetivos de brigada.
Em defesa da vida e do meio ambiente, a #PetrobrásFicaEmMinas
O acidente da BR Distribuidora é apenas uma amostra dos riscos envolvidos na privatização da Regap e de outras unidades operacionais da Petrobrás. A ex-estatal, que realizou uma profunda reestruturação com centenas de demissões e redução de salários de seus trabalhadores, agora parece seguir a trajetória de outras empresas privatizadas, que colocam o lucro em curto prazo para acionistas acima da vida e do meio ambiente. Pelo potencial de riscos envolvidos na operação da refinaria de Betim, a privatização da Regap poderá transformar a Petrobrás em uma nova Vale.
O Sindipetro/MG irá cobrar esclarecimentos sobre o acidente e realizar a denúncia desse crime ambiental nos órgãos competentes e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Diante desse claro alerta à população mineira, seguiremos engajados na campanha #PetrobrásFicaEmMinas, de forma a evitar que o projeto de desmonte e privatização prossiga no nosso estado e cause danos ainda maiores à saúde, segurança e meio ambiente dos mineiros.
por Sindipetro MG