Para o Partido dos Trabalhadores, a crise dos combustíveis, com paralisação dos caminhoneiros por todo o Brasil desde segunda-feira (21), é resultado da política de preços praticada pela Petrobras durante o governo Temer, que prejudicou primeiramente a população mais pobre com a elevação do preço do gás de cozinha. Em nota, o PT afirma que o dito acordo anunciado pelo governo com representantes de empresas de transporte, além de insuficiente, é injusto.
“Além de não resolver adequadamente o problema, vai onerar a União, que terá de remunerar a Petrobras caso ela tenha algum prejuízo com as medidas tomadas. Trata-se de uma total inversão de valores, na qual os interesses privados dos acionistas da empresa se sobrepõem aos interesses públicos”, diz a nota do PT.
Na noite desta quinta-feira (24), o governo anunciou acordo com entidades do setor de transporte, que ficaram de apresentar os termos desse acordo aos motoristas para que o “movimento paredista” possa ser suspenso por 15 dias, quando será realizada nova reunião.
O governo se comprometeu a estender por mais 15 dias a redução de 10% no preço do diesel, que a Petrobras havia anunciado na quarta-feira. Passada a primeira quinzena, o governo vai garantir “compensações financeiras” aos acionistas da estatal pela diferença entre o preço tabelado e a projeção de preços, segundo a atual política de livre flutuação adotada pela atual administração. Além disso, o governo também prometeu excluir o setor de transporte da lista dos setores atingidos pela reoneração e zerar a cobrança da Cide e PIS/Cofins sobre o diesel.
“É meramente paliativa a ideia de zerar os impostos federais sobre combustíveis (objetivo das grandes empresas de transporte que se aproveitaram do movimento para realizar um locaute). A volatilidade dos preços internacionais e do câmbio vai continuar a gerar novos aumentos. Além disso, o custo fiscal dessa proposta, que incide sobre o PIS/Cofins, recairá fatalmente sobre o orçamento de programas sociais e políticas públicas, como a do seguro desemprego, que beneficiam o povo mais pobre. Além de inútil, a proposta do governo golpista é injusta”, criticou o PT.
“Primeiro é preciso dizer que nesse acordo só entra o Diesel. Não entra gasolina e nem botijão de gás. O aumento do botijão, só em 2017, foi de 70%. Um milhão e duzentas mil pessoas estão voltando a cozinhar com fogão à lenha. A gasolina aumentou 57%”, frisou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Ele também destacou que o acordo favorece os acionistas da Petrobras, em especial “os investidores americanos”, e afirmou que a atual gestão da empresa promove a destruição do refino, no Brasil, reduzindo gradativamente a a capacidade das refinarias. “O Brasil voltou a exportar petróleo bruto e a importar o refinado. Isso é um escândalo. Se não mudar essa política, não tem jeito. Esse acordo não resolve o problema para o povo brasileiro.”
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), também apontou contradições nas medidas propostas pelo governo. “Eles, que falavam contra subsídios, vão tirar dinheiro do Orçamento da União para dar para a Petrobras. Vão dar benefícios para um pedaço da população tirando da maioria.”
[Via Rede Brasil Atual]