Nos últimos dias, a imprensa repercutiu com estardalhaço a notícia de que a Petrobrás teria feito uma nova descoberta na bacia de Sergipe e Alagoas, que seria o maior feito da empresa desde o pré-sal: seis mega campos de petróleo com capacidade de jorrar 20 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
As supostas novas descobertas aconteceram, no entanto, há pelo menos cinco anos, fruto de um trabalho de exploração que começou muito antes. Ou seja, a Petrobrás tinha pleno conhecimento dessas reservas há um bom tempo.
O que o governo Bolsonaro fez foi requentar a notícia para favorecer interesses no setor de gás.
Não por acaso, no rastro da notícia, a Petrobrás comunicou ao mercado a intenção de vender participações de 20% a 35% nos blocos onde tem a concessão desses mega campos de gás no Sergipe e em Alagoas.
Tudo leva a crer que a notícia requentada foi lançada nos meios de comunicação de forma bombástica justamente para atrair compradores para os ativos postos à venda.
Em nota divulgada nesta terça-feira, 18, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP) esclareceu o que está por trás dessa manobra:
“Ao que tudo indica, a publicação da matéria coaduna com os objetivos do atual governo de dar visibilidade ao programa de “gás barato”. Até o momento, como o programa não saiu do papel e nenhuma medida concreta foi apontada, a impressão é que houve uma tentativa de relacionar o sucesso da descoberta realizada pela Petrobras com o programa de “gás barato” (…) a divulgação dessas informações parece ter dois objetivos claros: dar publicidade ao programa de gás barato e, ao mesmo tempo, associá-lo à possiblidade de expansão dos investimentos privados no setor petróleo a partir da venda de ativos da Petrobras”, ressaltam os técnicos do Ineep.
“A dúvida que fica: teria o governo, ao arrepio da própria Petrobras, mais uma vez, se utilizado de uma “notícia fria” para favorecer seus interesses, dado que as declarações inverídicas provocaram uma valorização dos ativos relacionados ao gás natural que estão em processo de privatização?”, questiona o INEEP.
Leia aqui a íntegra da nota do INEEP
[FUP, com informações do INEEP]