Escrito por Marize Muniz
Alegando restrições orçamentárias, o governo não respondeu a nenhuma das reivindicações econômicas da pauta da Campanha Salarial 2012 dos servidores públicos federais.
Foi isso o que Secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse na reunião realizada nesta quarta-feira (28), em Brasília, com os representantes de três centrais sindicais (CUT, CTB e Conlutas) e das 31 entidades que representam os trabalhadores.
O presidente da CUT, Artur Henrique, contra-argumentou. Segundo ele, as restrições orçamentárias do governo atingem apenas os trabalhadores. “Só tem restrição orçamentária para nós, não tem para os setores empresarial, financeiro, para o agronegócio, enfim, para setores que vão ao governo fazer lobby. Para enfrentar a crise financeira internacional, por exemplo, o governo desonerou a folha de determinados setores e o resultado foi R$ 90 bilhões a menos nos cofres públicos”.
Do lado de fora, servidores de todo o país aguardavam o resultado da negociação que começou após uma marcha organizada por todas as entidades que compõem o Fórum de Negociação da Campanha Salarial dos servidores públicos federais. Milhares de servidores se concentraram desde cedo em frente à Catedral de Brasília e, por volta das 10h00, caminharam até a sede do Ministério do Planejamento, onde ocorreu a reunião. O objetivo da marcha foi pressionar o governo por avanços na negociação.
Na pauta, reajuste emergencial de 22,8% com correção de distorções, política salarial permanente, valorização do salário base dos servidores, incorporação de gratificações; além de reajuste nos benefícios como auxílio-alimentação, transporte, creche e plano de saúde.
As palavras de ordem exigiam data-base para 1º de maio, política salarial e fortalecimento dos planos de carreira. “Serviço público de qualidade depende de servidor qualificado e decentemente remunerado” diziam os manifestantes.
No caminhão de som, o presidente da CUT falou que não dá mais para aceitar que o governo faça um discurso para fora, criticando o arrocho que o FMI impõe aos países em crise que precisam de seus empréstimos, argumentando que isso só prejudica os trabalhadores, os aposentados, os mais necessitados etc. e internamente, fazer outro discurso. “Lá fora é uma coisa. Aqui o governo se recusa a dar um reajuste salarial aos servidores, em nome do controle fiscal, mas ninguém diz uma palavra sobre os mais de R$ 200 bilhões usados no pagamento dos juros da dívida, que beneficia os detentores da dívida pública, especialmente os especuladores,” disse Artur.
Apesar da pressão da categoria, que lotou a esplanada e se concentrou em frente à sede do ministério, o secretário de Relações do Trabalho iniciou a reunião de negociação dizendo que “a prioridade do governo, no momento, é continuar a política salarial de corrigir distorções que ainda existem nas carreiras”.
O diretor executivo da CUT, Pedro Armengol, pediu mais esforço do governo para negociar a pauta dos servidores. “Se tiver vontade política”, disse ele, “tenho certeza de que podemos conseguir alguns avanços para a campanha deste ano”.
Segundo Pedro, é preciso perseguir o consenso nos diálogos dentro do governo. “Espero que os argumentos apresentados nesta reunião deem subsídios ao secretário para melhorar o diálogo com o governo”.
Sérgio Mendonça voltou atrás e disse que há, sim, espaço para discutir. Ele citou especialmente itens da pauta relacionados a benefícios alimentação, saúde e transportes. O secretário já marcou uma nova rodada de negociação para o dia 24, véspera do dia nacional de luta dos servidores que vão fazer uma greve de 24 horas em todo o país.