Em reunião nesta segunda-feira (1/2), o governo federal – representado por assessores de ministros – afirmou a privatização da Celg, distribuidora de Goiás. O Coletivo Nacional dos Eletricitários, a Fisenge, o MST, o MAB, centrais sindicais e demais sindicatos e organizações participaram da reunião. Durante a audiência, a deputada Érika Kokai (PT-DF) e Rubens Ottoni (PT-GO) reivindicaram a suspensão do processo de privatização da Celg por 60 dias. Isso porque está marcada uma audiência pública do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), no dia 3/2, sobre a privatização da empresa, em Goiás. O Secretário-Executivo Luiz Azevedo, da Secretaria de Governo, pediu um prazo até hoje (2/2) às 17h, para responder sobre esta demanda. [Até o fim dessa edição, não havia resposta aos movimentos]
De acordo com o diretor de negociação coletiva da Fisenge, Ulisses Kaniak, os interlocutores do governo federal apresentaram argumentos tecnocratas, em vez de políticos. “Os sucessivos equívocos na política do setor elétrico têm causado aumentos astronômicos de tarifas, contrariando o mote da ‘modicidade tarifária’, que a presidenta Dilma defendia desde que fora Ministra de Minas e Energia; o que, na prática, serve pra remunerar os lucros das empresas privadas do setor”, disse Ulisses, que é trabalhador da Copel, e ainda ressaltou que há quinze anos os movimentos com a população estiveram nas ruas defendendo a Copel como empresa pública. Hoje, a empresa continua pública e é considerada uma das melhores distribuidoras da América Latina. “Querem jogar fora toda uma política de desenvolvimento regional que começou com Cândido Rondon, pois vão precarizar e encarecer a tarifa das regiões mais ermas, onde a população precisa da presença do Estado”, destacou Ulisses.
Os movimentos sociais e sindical reafirmaram a continuidade da mobilização com paralisações e manifestações em todo o país, em caso de manutenção da privatização. “O que está sendo feito aqui é inaceitável e ao que parece, trata-se de uma ruptura com os movimentos sociais e sindicais do setor elétrico. Assim como enfrentamos a direita em 2015, vamos enfrentar o governo se essa audiência for adiante”, disse o vice-presidente de Energia da FNU, Nailor Gato.
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A Celg distribuidora foi inserida no Plano Nacional de Desestatização em maio de 2015. Nessa manobra, o maior beneficiário será o governo de Goiás, liderado por Marconi Perillo (PSDB), uma vez que 49% do dinheiro da privatização irá para o governo do estado. Com 99% das ações da empresa em 2012, o governo goiano tinha uma dívida de R$6,4 bilhões com o governo federal (R$2,4 bilhões com a Eletrobrás). A tática de Perillo foi jogar a conta para o governo federal passando 51% das ações para a Eletrobras. “Esta é mais uma das contradições. Além de romper com promessas históricas contra a privatização, o governo federal irá beneficiar um dos setores mais retrógrados, conservadores e mercantilistas do país. Não permitiremos a entrega patrimônio público”, afirmou o diretor da Fisenge Gunter Angelkorte. O governo afirmou que além da Celg, também irá privatizar outras distribuidoras nos estados de Alagoas, Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima.
Fonte: FISENGE