“Necessidade de acelerar o pagamento das dívidas da Companhia”. Este foi o principal pretexto apresentado pelo gerente geral da UO-RNCE, Tuerte Rolim, para justificar a decisão da Petrobrás de vender 30 campos petrolíferos situados em águas rasas, sendo seis no litoral potiguar. A explicação foi dada ao SINDIPETRO-RN em reunião conjunta, realizada na manhã da última sexta-feira, 11, em Natal. A entidade havia solicitado o encontro a fim de ouvir as alegações da empresa e indagar sobre a situação dos trabalhadores, caso a intenção de venda seja concretizada.
Segundo Laerte Rolim, que limitou-se a reproduzir o já surrado discurso utilizado pela gestão Pedro Parente, a Petrobrás está pressionada por dívidas e falta dinheiro para investir. Ele também afirmou que é uma “grande batalha” fazer com que os campos maduros gerem lucro e defendeu que a venda dessas áreas poderia “gerar recursos para novos investimentos”. Disse, ainda, que “a geração de caixa nos campos do Pré-sal é um ponto positivo” e que a empresa “necessita de mão de obra” especializada, naquela área, “garantindo a habitação de várias FPSOs” (Floating Production Storage and Offloading, que, em português, significa Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência).
Críticas
Em contraposição às posições defendidas pelo Gerência da UO-RNCE, os diretores do Sindicato presentes à reunião renovaram as críticas da entidade à orientação privatizante que vem sendo imposta à Petrobrás pela gestão Pedro Parente. Para os representantes dos trabalhadores, os resultados dos balanços demonstram cada vez mais que a companhia tem fôlego para sanar seu endividamento sem precisar se desfazer de ativos estratégicos. Outra contestação apresentada pelos dirigentes sindicais diz respeito à falta de sensibilidade e transparência com que vem sendo tratada a questão da mobilidade da força de trabalho, no caso da venda dos campos.
“É claro que é preciso informar às pessoas sobre as ações que a empresa deverá tomar, e isso deveria anteceder o próprio anúncio da intenção de venda”, cobrou a tesoureira do SINDIPETRO-RN, Fátima Viana. Eleita recentemente para a Direção da FUP, Fafá também desabafou: “Após o anúncio do plano de desinvestimento, a Gerência havia garantido que seriam mantidas as principais áreas de produção, mas, agora, com este anúncio-surpresa, faz um “Mobiliza” secreto, pressionando trabalhadores e trabalhadoras a mudarem totalmente os seus estilos de vida, sem que nenhuma perspectiva concreta lhes seja apresentada.”
Com a mesma indignação, o diretor do SINDIPETRO-RN para a Base Natal, Ivis Corsino, também se manifestou: “No momento em que a Petrobrás anuncia vendas como essa, ficando ainda mais evidente a saída daqui, acredito que o RH já deveria ter feito um plano para preparação da força de trabalho, analisando as consequências da decisão, para que se pudesse evitar o sentimento de insegurança nas vidas das pessoas e também para que a responsabilidade social da empresa não seja esquecida. Muitas pessoas que vivem no entorno das áreas afetadas dependem economicamente da presença da empresa e serão fortemente atingidas”, lembrou Ivis Corsino.
Após as cobranças do Sindicato, o gerente geral, Tuerte Rolim, garantiu que irá pessoalmente às áreas para explicar o processo de mudança, que deve implicar em desabitação e transferência. Já, a gerente de Recursos Humanos da UO-RNCE, Carmen Lúcia, disse que as responsabilidades da Companhia vão até o “closing” (fechamento em inglês), e, sem fixar prazos, também afirmou que “em determinado momento, a Petrobrás vai tentar responder às perguntas de todos os petroleiros”. Ao final, o Sindicato cobrou a criação de uma agenda formal, em que a entidade seja incluída, a fim de acompanhar as conversações com a categoria.
Fonte: Sindipetro-RN