A gerência da Replan mudou a versão que havia apresentado à direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) para justificar a demora no acionamento do alarme durante a emergência operacional, que parou toda a refinaria no dia 1º de novembro. A empresa tenta ainda minimizar a gravidade do acidente, classificando o caso como uma ocorrência normal, e a gestão da Petrobrás não permite que o Sindicato participe da comissão de acidentes, que investiga as causas da parada emergencial.
Era começo da tarde do dia 1º, cerca de 2 mil trabalhadores estavam dentro da refinaria, quando a operação de todas as unidades da Replan foi interrompida em situação de emergência. Uma enorme quantidade de fumaça escura e amarelada começou a sair pelas chaminés, formando na atmosfera uma nuvem gigantesca, composta de uma mistura tóxica e inflamável de gás, gasolina, óleo diesel e catalisador. A nuvem podia ser vista a quilômetros de distância e causou medo em muitos trabalhadores e em moradores vizinhos da refinaria.
Apesar do cenário assustador e perigoso, o alarme de emergência (tifon) demorou 20 minutos para tocar. Durante todo esse tempo, uma grande parte dos trabalhadores não sabia o que estava acontecendo na empresa, como proceder e para onde se deslocar. Foram 20 minutos de agonia, em que os milhares de trabalhadores ficaram expostos a uma situação de risco grave.
Logo após a emergência ser controlada, diretores do Sindicato foram questionar e apurar as causas da parada emergencial. Em mais de uma reunião, gerentes da refinaria afirmaram que o alarme não foi acionado imediatamente para evitar que os operadores que atuam como brigadistas deixassem a área operacional onde trabalham. Ou seja, não tocaram o alarme para não desfalcar ainda mais o quadro do efetivo, que já está bastante reduzido.
A justificativa para a demora no acionamento do tifon ganhou uma outra versão na reunião da Cipa, realizada quarta-feira (08). Em uma explicação absurda, a gerência disse que tinha uma equipe monitorando a nuvem de gases e que não havia risco de acidente, porque a nuvem estava sendo conduzida a favor do vento e “baseado em estudos técnicos, não havia risco de explosão, só de incêndio”.
A direção do Sindicato contesta esta segunda explicação e considera que o alarme não foi acionado imediatamente, como deve ser, porque a gerência da Replan teve receio de manter na área operacional um número de trabalhadores ainda menor, já que essa condição dificultaria ainda mais o controle de uma emergência.
A situação comprova, mais uma vez, a negligência e a irresponsabilidade da gestão da Petrobrás ao implementar o estudo de O&M, que reduz o efetivo mínimo, precariza ainda mais as condições de trabalho e aumenta a insegurança nas áreas operacionais.
É muito estranho que a empresa tenha mudado sua justificativa de uma hora para a outra. Isso só nos leva a crer que a gerência está tentando omitir a verdade.
Mais estranho ainda é que logo após apresentar sua nova versão, a empresa tenha classificado um caso de tamanha gravidade como uma simples “ocorrência de classe nível zero” e impedido o Sindicato de integrar a comissão de investigação de acidentes. A atitude é suspeita e deixa algumas dúvidas no ar. Por que o Sindicato não pode participar dessa comissão de acidentes? Afinal, o que a Replan tem a esconder?
Fonte: Sindipetro Unificado de São Paulo