Apesar da motivação oficial da Petrobrás ser uma ação prevista pela norma de segurança da empresa, a forma como está sendo feita e a frequência das visitas de seus diretores, têm levantado suspeitas entre a categoria petroleira
[Da imprensa do Sindipetro MG]
Na terça-feira (8), a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim/MG, passou por um processo de averiguação de conformidade com as normas vigentes para o seu funcionamento. Durante este processo, a refinaria recebe a visita de um diretor da Petrobrás e de sua equipe que, ao inspecionar a unidade, devem realizar um relatório apontando as condições de trabalho a qual a categoria petroleira está sendo submetida.
Apesar da motivação oficial da Petrobrás ser uma ação prevista pela norma de segurança da empresa, a forma como está sendo feita e a frequência das visitas de seus diretores, têm levantado suspeitas entre a categoria petroleira. Mas, embasado nas denúncias que os trabalhadores da refinaria vem apresentando ao Sindipetro/MG, o coordenador geral do sindicato, Alexandre FInamori, declara que a gerência da Regap vem tomando medidas para maquiar as verdadeiras condições de trabalho na empresa. Além disso, a vinda do diretor da Petrobrás, Carlos José do Nascimento Travassos, por três vezes em menos de seis meses, levanta a suspeita de que o processo de averiguação de conformidade vem sendo utilizado como instrumento de avaliação da refinaria com o objetivo de sua privatização.
“Chama a atenção o esforço da gerência local em maquiar a unidade, tentando tapar o sol com a peneira em relação aos problemas que temos na área e que colocam em risco a segurança das pessoas e das unidades. Chama atenção também a terceira visita desse diretor em seis meses. Qual é o objetivo de tantas visitas? A categoria precisa estar atenta às movimentações da gestão bolsonarista da Petrobrás, que ainda não desistiu de tentar vender a Regap”, afirma o coordenador geral do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori.
É provável que muitas coisas já tenham sido ditas ao senhor Carlos José. Também é provável que, se o diretor e a sua comitiva vieram mesmo para verificar as condições de trabalho na refinaria, os seus próprios olhos tenham visto como o sucateamento privatista têm colocado a vida da categoria petroleira em risco. Mas, caso o diretor tenha estado distraído com objetivos paralelos, o Sindipetro/MG reforçará algumas denúncias que já foram alvos de matérias, ofícios e pautas das reuniões de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS).
Entre as denúncias recebidas pelo Sindipetro/MG está a instalação de um “piso falso” pela gerência do Hidrotratamento e Coqueamento (HC). O procedimento ocorreu na semana anterior à visita do diretor da sede, Carlos José, e sem a realização de uma gestão de mudanças (GM), com o intuito de esconder a sujeira em uma tubovia localizada no Coque. Segundo as informações obtidas pelo sindicato, essa grade será retirada após a auditoria, evidenciando a estratégia da gerência do HC em “jogar a sujeira para debaixo do tapete”.
Nesta mesma unidade existe mais um problema que se arrasta por meses e que ilustra o descaso da gerência com a segurança da categoria petroleira. Já faz mais de um ano que o elevador da cremalheira do Coque está com a inspeção do freio gravitacional vencida. A situação é evidente para todos que usam o elevador, já que é possível ler essa informação na plaqueta do freio. Porém, não há outra opção que não seja usar este elevador, uma vez que o elevador de carga está indisponível há meses. “Esse fato se estende por meses e quando a gerência é questionada, ela promete que entregará uma ferrari no lugar do fusquinha. Mas o que os trabalhadores querem é um equipamento seguro e eficiente, não luxo e sofisticação” afirma Alexandre Finamori.
Mas isso ainda não é tudo, pois a gerência do HC parece não medir esforços para maquiar a real condição de trabalho das petroleiras e dos petroleiros. Em denúncia recebida no dia de hoje, terça-feira (8), o Sindipetro/MG foi informado de que a gerência do HC solicitou que os operadores da Unidade de Hidrotratamento (HDT), mudassem um alinhamento de envio de gás ácido para a tocha comum, que normalmente não recebe o gás. Mas o pedido foi realizado pelo simples fato de não deixar a queima de gás na tocha química com aspecto visual ruim e chamar a atenção do diretor. Essa manobra aumenta o nível de poluição gerada pela refinaria, prejudicando o ambiente de trabalho e a saúde de toda a população local.
Por fim, vale lembrar que, nessa mesma gerência, houve uma série de redução do número mínimo nos últimos meses e, além disso, as unidades têm ficado com efetivo reduzido por falta de pessoal. Essa situação, além de agravar o risco de acidentes, têm causado estresse e sobrecarga na categoria petroleira, que está vulnerável ao desenvolvimento de doenças mentais.
“A Petrobrás deve respeito aos seus funcionários e é a sua obrigação propiciar um ambiente de trabalho digno e seguro. O sucateamento da Regap, com o objetivo de sua privatização total, ameaça a segurança da categoria petroleira em troca do lucro dos acionistas. As nossas vidas não estão à venda! Se os diretores da Petrobrás estão interessados em saber as verdadeiras condições de trabalho na Regap, confiem menos no que os seus olhos veem e passem a escutar mais o que a categoria petroleira tem para dizer” declarou Alexandre Finamori.