Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) avalia que reajuste praticado pela Petrobrás é resultado da pressão dos importadores sobre a Petrobrás
[Da assessoria de comunicação do INEEP]
O reajuste no preço do litro da gasolina anunciado no dia 18 pela Petrobrás é resultado da pressão do mercado privado sobre a companhia e visa viabilizar sua privatização. A avaliação é do coordenador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão, que vê com preocupação uma possível retomada da volatilidade de preços no mercado interno, caso as pressões dos importadores evoluam.
A Petrobras reajustou o preço médio do litro da gasolina vendida nas refinarias em R$ 0,15, um aumento de 7,6%. O novo valor será de R$ 1,98 para as revendedoras e entrará em vigência a partir de hoje. O preço final aos motoristas dependerá de cada posto de combustíveis, que tem suas próprias margens de lucro, além do pagamento de impostos e custos com mão de obra.
“Essa é uma amostra do que acontecerá com o país caso a privatização avance: sem compromisso com a responsabilidade social, apenas com o lucro. Ou seja, com a privatização a tendência é que o preço dos derivados aumente ainda mais. O projeto de petróleo que o país está seguindo é o de submissão ao mercado internacional, sem o mínimo debate sobre os interesses externos”, afirmou Leão.
Em geral, a Petrobrás vem seguindo a paridade com o mercado internacional (PPI) e a política de preços que tem praticado nos últimos anos para os combustíveis, mas a periodicidade dos reajustes não tem a mesma frequência e são diferentes para cada um dos derivados. Os ajustes do diesel estão mais lentos que os da gasolina, por exemplo. “Com isso, há uma pressão dos importadores que sofrem com essa defasagem de reajustes e perdem competitividade no mercado nacional. Em resumo, está havendo uma disputa entre os importadores, que estão pressionando a Petrobrás, e do outro lado o consumidor, que acaba sendo atingido diretamente pela alta dos preços dos combustíveis e pagando a conta”, explicou o coordenador do Ineep.
Na última semana, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) recorreu ao órgão de defesa da concorrência contra a Petrobras. A entidade protocolou ofício na sexta-feira (15) no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e na Agência Nacional do Petróleo (ANP) contra a estatal. O motivo da representação é que os importadores avaliam que a Petrobrás está vendendo diesel e gasolina às refinarias no Brasil com preços abaixo das cotações no mercado internacional, o que afeta a concorrência. No ofício, a Abicom pediu para que sejam feitas análise dos valores praticados pela petroleira.