Morreu nesta terça-feira (18), aos 75 anos, o ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Augusto Campos, que desde a semana passada estava internado em São Paulo em decorrência de complicações no tratamento de um câncer. A FUP e seus sindicatos manifestam pesar diante da perda de um sindicalista que foi referência para diversas gerações. Expressamos nossa solidariedade aos seus familiares, amigos e companheiros de luta, com a certeza de que o legado deixado por ele continuará inspirando milhares de trabalhadores pelo país afora.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da mesma geração de Augusto, que nos anos 1970 ajudaria a criar o chamado novo sindicalismo, afirmou em nota que o líder bancário “foi e continua sendo um companheiro inesquecível de lutas”. Enquanto Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (atual sindicato do ABC), entre 1975 e 1980, Augusto liderou o movimento que “recuperou” a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, em 1979. Antes, desde 1964, a entidade era gerida por representantes de confiança do Ministério do Trabalho, da ditadura e, por extensão, dos próprios bancos.
“Tive o prazer de ser presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC quando ele, depois de nove anos na oposição sindical, derrotou o peleguismo e foi eleito presidente do Sindicato dos Bancários, entidade que transformou. Sua liderança deixou um legado não somente para a categoria dos bancários, mas ajudou a fortalecer a luta dos trabalhadores de todo país”, afirma Lula. Ambos, no início dos anos 1980, participaram intensamente da fundação do PT e da CUT.
O velório de Augusto Campos será realizado nesta quarta-feira (19), a partir das 8h, no salão nobre do Memorial Acrópole Ecumênico, em Santos (Avenida Nilo Peçanha, 50, Marapé). A cerimônia de cremação será às 16h.
Novo sindicalismo
A nova geração de sindicalistas bancários sempre teve em lideranças como Augusto Campos e Luiz Gushiken, morto em setembro de 2013, uma referência, pela capacidade de formular políticas tanto no plano local, do movimento sindical, como na universalidade da política em esfera nacional. “Tinham perfis de estadistas”, costumava dizer o também ex-presidente da entidade dos bancários Gilmar Carneiro.
“Quando conquistamos o Sindicato dos Bancários, em 1979, eram poucos os sindicatos combativos. Estivemos à frente da construção da CUT e do PT. A atuação do sindicato da defesa da cidadania é referência para outras categorias e também na vida política e cultural de São Paulo e outras cidades do país”, diz Augusto, em uma entrevista de 2003 de edição comemorativa da Revista dos Bancários, que associa as lutas da categoria ao longo do século 20 à evolução das conquistas, políticas, trabalhistas e sociais na história do Brasil.
A presidenta recém-empossada do sindicato, Ivone Silva, reconhece a importância de Augusto como referência na transição do sindicalismo atrelado ao Estado, conforme o modelo concebido na era Vargas, para o chamado sindicalismo cidadão. “Seu comprometimento com os trabalhadores fez com que, durante a ditadura militar, mudasse a forma de fazer sindicalismo, unindo os trabalhadores e inaugurando uma nova forma de negociar com banqueiros, sem que a Justiça interviesse nas negociações, com greves combativas e assembleias fortes. Foi um defensor da liberdade e um grande líder na defesa dos trabalhadores”, diz Ivone.
“Morreu meu guru, meu modelo, minha referência sindical”, declarou o presidente da CUT, Vagner Freitas, em sua rede social. “Augusto Campos respeitava as divergências e diferenças, era extremamente democrático, amigo, companheiro.”
Com informações da Rede Brasil Atual