FUP indica mobilização sexta-feira, 20, em defesa da vida, contra o Procop e por mudanças no SMS

FUP

Na sexta-feira, 20, quando o Conselho de Administração da Petrobrás se reunirá extraordinariamente para discutir os graves acidentes ocorridos recentemente nas refinarias de Manaus (REMAN) e do Paraná (REPAR), a FUP convoca a categoria para uma grande mobilização nacional em defesa da vida e contra as reduções de custos impostas pelo Procop, que têm agravado os riscos de acidentes nas unidades. Pela primeira vez questões de saúde e segurança estarão na pauta do CA da Petrobrás. Portanto, é hora dos trabalhadores pressionarem e se mobilizarem em defesa da vida e por mudanças estruturais na política de investimentos da empresa e no SMS.

A reunião inédita do órgão máximo da Petrobrás será realizada no âmbito do Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do CA, em atendimento à solicitação do representante dos trabalhadores, José Maria Rangel. “Logo que fui informado sobre os acidentes, encaminhei solicitação para realização de reunião extraordinária do Comitê, com o claro objetivo de que todos os Conselheiros tomem conhecimento das causas dessas graves ocorrências, que por pouco não se transformaram em tragédias”, explica o conselheiro eleito.

As refinarias são cada vez mais atingidas pela insegurança crônica que se alastrou por todo o Sistema Petrobrás, apesar dos constantes alertas e cobranças do movimento sindical por mudanças estruturais no SMS. Um dos principais motivos é o número insuficiente de trabalhadores próprios. Situação que se agravou ainda mais com o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) e o Mobiliza, que evidenciam a cada dia os efeitos perversos da política de redução de investimentos em manutenção de equipamentos e contratação de trabalhadores.

Essa é a atual realidade das refinarias, cujas obras de ampliação pioraram ainda mais as condições de segurança, já que os efetivos da Petrobrás não têm acompanhado a expansão da empresa. Daí a urgência de recomposição dos quadros mínimos de trabalhadores, pauta constante da FUP nas negociações com a Petrobrás. Uma das principais reivindicações é a realização de negociação de efetivos em todas as unidades operacionais, com participação dos sindicatos e da FUP.

Greve na Repar força gestores a responderem reivindicações de efetivos e segurança

Os trabalhadores da Repar deflagraram greve por tempo indeterminado na tarde deste domingo (15), em resposta ao impasse nas negociações com os gestores da refinaria, que recusavam-se a avançar nas reivindicações de segurança. No dia 28 de novembro, uma explosão na Unidade de Destilação (U2100) colocou em risco os trabalhadores, a comunidade e o meio ambiente, evidenciando a falta de segurança em função de uma série de problemas já apontados pelo movimento sindical, entre eles o reduzido número de trabalhadores na área. O acidente paralisou a produção da Repar, cuja operação seria retomada no domingo. Os petroleiros, no entanto, entenderam que não havia condições de segurança para isso e entraram em greve.

A pressão surtiu efeito e os gestores da refinaria voltaram a se reunir com o Sindipetro-PR/SC nesta segunda-feira, 16, e apresentaram uma proposta respondendo às principais reivindicações dos trabalhadores. A intervenção da FUP, dialogando com o alto escalão da Petrobrás, foi fundamental para a construção da proposta encaminhada pela Repar. Em assembleia, os petroleiros decidiram, então, suspender a greve.  

Entre os principais compromissos assumidos pela Repar estão a ampliação de três para quatro operadores na área da Unidade de Destilação (U2100), a garantia de repouso de 24 horas para cada trabalhador envolvido na partida da U2100, a criação de um Grupo de Trabalho (GT) com a participação do Sindicato para acompanhamento da saúde dos trabalhadores que participaram do combate ao incêndio e limpeza da U2100, não desconto dos dias parados, garantia de que todas as recomendações da CIPA sejam analisadas e respondidas até a próxima reunião da Comissão, a criação de um GT com a participação do Sindicato para discutir as correções dos problemas de exaustão e climatização do laboratório da refinaria e a discussão com a FUP de uma proposta nacional de reestruturação das equipes de emergência (EOR).

Procop faz novas vítimas na Rlam

Na semana passada, dois acidentes seguidos atingiram os trabalhadores da Rlam (Bahia) que atuam na parada de manutenção da Unidade de Craqueamento Catalítico Fluído (U-6). Na última quinta-feira, 12, um trabalhador da Mills sofreu queimadura de segundo grau nas pernas ao ser atingido por um jato de vapor, durante a perigosa "purga" da unidade.

Na sexta-feira, 13, mais dois trabalhadores foram vítimas de um incêndio de médias proporções na torre fracionadora (E-621) da U-6. Um caldeireiro da empresa Estrutural sofreu queimadura no rosto e deslocamento do omoplata, após ter caído de uma andaime de mais de dois metros de altura. O acidente também atingiu um técnico de segurança que atuava na emergência e acabou se ferindo.

Segundo o Sindipetro-BA, os acidentes são resultado de uma série de atropelos gerenciais para realizar a toque de caixa uma parada de manutenção em um prazo exíguo de apenas 20 dias, quando o necessário seria, no mínimo, 60 dias.

Mobilização na Reman também cobra segurança

Na sexta-feira, 13, os trabalhadores próprios e terceirizados da Reman realizaram uma grande manifestação pela manhã, na porta da unidade, em protesto contra a insegurança que já causou diversos acidentes na refinaria. O mais grave foi a explosão no dia primeiro de dezembro, que feriu gravemente três petroleiros, dois deles ainda internados. Cerca de 700 trabalhadores participaram da manifestação, que atrasou em três horas a entrada do turno e do administrativo. O ato contou com a participação de diversos sindicatos e organizações sociais, além de parlamentares do PT, que cobraram a retomada urgente de investimentos na Reman, com prioridade para a segurança.