Privatização da Petrobrás avança com entrega das fábricas de fertilizantes

No rastro do desmonte do setor de logística da Petrobrás (a venda da TAG foi anunciada há menos de uma semana), a gestão Pedro Parente acelera a desintegração da empresa, abrindo o processo de entrega dos ativos de fertilizantes. Em fato relevante publicado nesta segunda-feira,11, a direção da petrolífera comunicou ao mercado o início do processo de privatização da subsidiária Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da Unidade de Fertilizantes-III (Fafen-MS).

A fábrica de fertilizantes do Paraná foi reincorporada ao Sistema Petrobrás em 2013, vinte anos após a Ultrafértil ter sido privatizada, junto com várias outras subsidiárias da estatal, que teve o setor petroquímico completamente desmontado no início dos anos 90. “Durante o período em que a iniciativa privada ficou responsável por gerir a fábrica não foram feitos investimentos na produção de fertilizantes”, destaca o Sindiquímica-PR, em nota repudiando a decisão da gestão Pedro Parente. “A herança que o capital privado deixou na Araucária Nitrogenados foi o sucateamento, o aumento da terceirização, os riscos para os trabalhadores e uma precarização generalizada, fazendo com que não houvesse nenhum tipo de retorno para a sociedade”, afirma o sindicato.

A unidade utiliza resíduo asfáltico da Repar para produzir até 1.303 toneladas por dia de amônia e 1.975 t/dia de ureia, além de 450 m³/dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), 200 t/dia de gás carbônico e 75 t/dia de carbono peletizado. O Brasil só possui duas fábricas de Arla 32, e a Fafen-PR, até o início de 2016, era responsável por 62% da produção nacional, com uma capacidade de 923 mil toneladas por ano.

Na semana passada, o Sindiquímica-PR chegou a denunciar ao Ministério Público do Trabalho o desmonte intencional da Fafen-PR pela atual gestão da Petrobrás. “Entendemos que existe um processo para baixar cada vez mais o preço da Araucária Nitrogenados para beneficiar quem for comprá-la no futuro. A venda dessa subsidiária pode prejudicar tanto os trabalhadores quanto a sociedade em geral”, denunciou o diretor da FUP e do Sindiquímica, Gerson Castelano.

A incorporação da Araucária Nitrogenados ao Sistema Petrobrás como uma subsidiária integral marcou a retomada dos investimentos da empresa no estratégico setor de fertilizantes. A estatal iniciou a construção da UFN-III, na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, mas unidade sequer entrou em operação, pois teve a obra paralisada em dezembro de 2014, com 80% do projeto concluído. “Entendemos que as fábricas de fertilizantes devem ser mantidas nas mãos da Petrobrás, porque é uma questão de soberania nacional. Iremos enfrentar esse processo com muita força, para impedir a entrega dessas unidades”, afirma Castelano.

Ele explica que o Brasil importa cerca de 70% de fertilizantes nitrogenados para atender à demanda interna, mas a Ureia técnica é algo de difícil importação e depende da produção em território nacional. Com o investimento neste setor, o Brasil – que é um grande exportador de grãos – torna-se menos dependente das importações de fertilizantes. “O setor de fertilizantes é essencial. É estratégico para o país manter as Fafen’s com a Petrobrás”, declara o diretor da FUP.

Ele chama a atenção para o alto investimento que a Petrobrás fez na UFN-III, aque corre agora o risco de ser entregue a preços ínfimos a grupos estrangeiros. “Esperamos que a Polícia Federal e o MPF apurem com rigor as condições que estão sendo postas, pois a privatização afetará toda a sociedade”, ressalta.

FUP