Sindicalistas discutirão estratégias de enfrentamento à redução dos investimentos da Petrobrás na exploração e perfuração dos campos terrestres..
Imprensa da FUP
Nesta quarta e quinta-feira (17 e 18), a FUP e seus sindicatos reúnem-se no Rio de Janeiro para discutir as campanhas reivindicatórias dos trabalhadores terceirizados e a conjuntura das negociações com as empresas do setor privado; traçar estratégias de enfrentamento em relação à redução dos investimentos da Petrobrás na exploração e perfuração dos campos terrestres e apontar uma agenda de mobilizações que garanta a manutenção dos postos de trabalho e a proteção dos direitos destes petroleiros. A reestruturação do setor privado, através de fusões das empresas, e a concorrência predatória gerada pelos modelos de contratação da Petrobrás também serão tratados no encontro. Tudo isso tem impactado diretamente as negociações dos acordos de trabalho, aumentando a resistência das empresas em avançar no processo.
A FUP e seus sindicatos têm deixado claro que os trabalhadores não poderão ser responsabilizados por uma crise que não é deles. A indústria de petróleo é uma das principais locomotivas do país e, portanto, um dos setores da economia mais aquecidos e com mais investimentos. É inadmissível que a Petrobrás e suas empresas contratadas coloquem em xeque os direitos dos trabalhadores, demitindo e reduzindo benefícios e salários, para cortar custos. Além dos impactos sociais, essas medidas equivocadas têm gerado um efeito cascata nas economias dos municípios que dependem dos investimentos da Petrobrás e das empresas privadas. Sem falar na precarização das condições de trabalho e segurança.
Em Pernambuco, trabalhadores protestam contra atrasos de salários
No último dia 09, os trabalhadores de uma empresa que presta serviços para a Transpetro no Terminal de Suape cruzaram os braços, em um protesto contra atrasos de mais de um mês nos salários. A mobilização foi feita das 5h30 às 8 horas e contou com a participação de todos os petroleiros terceirizados do Terminal, que se solidarizaram com os companheiros afetados por este absurdo.
Ações antissindicais potencializam precarização
As ações antissindicais das empresas do setor privado potencializam a precarização das condições de trabalho. É o que acontece, por exemplo, com a Shell, a segunda maior produtora de petróleo do país, que até hoje não reconhece a representatividade dos sindicatos petroleiros. Desde 2003, quando começou a operar os primeiros poços adquiridos nos leilões de petróleo, a multinacional nega-se a negociar com a FUP e seus sindicatos. Suas plataformas no Espírito Santo e na Bacia de Campos são todas terceirizadas.
Pré-sal a mil e campos terrestres à míngua
Na contramão da conquista da FUP e de seus sindicatos, que se mobilizaram e impediram a privatização dos campos terrestres de produção, a Petrobrás tem esvaziado as atividades de exploração dos poços em operação e reduzido drasticamente os investimentos na perfuração. A desmobilização dos campos terrestres tem causado demissões e perdas de direitos e de massa salarial, em função das suspensões de contratos e da intensa rotatividade da mão de obra. Ao pular de empresa em empresa para manter-se empregado, o petroleiro terceirizado acaba abrindo mão de uma série de conquistas e benefícios, o que tem precarizado ainda mais as condições de trabalho e segurança.
O Norte Capixaba, uma das principais áreas de exploração terrestre do país, tem sofrido desde junho uma grande redução de investimentos por parte da Petrobrás. Os contratos com as empresas de sondas e perfuração estão sendo suspensos e as licitações paralisadas, o que já provocou a demissão de cerca de 300 trabalhadores que prestam serviço para a Petrobrás. Segundo o Sindipetro-ES, este cenário tem dificultado as negociações salariais com as empresas prestadoras de serviço, principalmente as de sonda, que empregam diretamente 60% dos trabalhadores terceirizados que são representados pelo sindicato. Os trabalhadores são os principais prejudicados, pois sofrem com atrasos de salários e cortes de direitos, sem falar nos calotes.
A Petrobrás, por sua vez, continua tentando se esquivar do problema, como se não tivesse responsabilidade com os trabalhadores que atuam em suas unidades. No momento em que a empresa é fortalecida através do maior programa de capitalização do planeta, é inconcebível que seus gestores tentem desmobilizar os campos terrestres. Os investimentos na exploração do pré-sal são tão fundamentais para o país, quanto os poços terrestres.