Com informações da Contraf/CUT
A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) enviaram nota aos presidentes dos fundos Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) e Petros (funcionários da Petrobrás) questionando a indicação de Abilio Diniz para a BRF (Brasil Foods) – maior companhia de alimentos brasileira, fusão da Sadia com a Perdigão.
A Contraf enviou ofício na quarta-feira (20) ao presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Dan Conrado, em que manifesta preocupação com os rumores de que o fundo estaria apoiando a indicação do empresário Abílio Diniz, um dos principais acionistas do Grupo Pão de Açúcar, para a presidência do Conselho de Administração da Brasil Foods.
A entidade vê conflito de interesses na indicação, uma vez que o Grupo Pão de Açúcar é o maior comprador e revendedor dos produtos da Brasil Foods.
“A possibilidade de concretizar a indicação nos obriga a questionar: a melhor maneira de defender os interesses dos associados da Previ, um dos maiores acionistas da Brasil Foods, é indicar para o a gestão da empresa um relevante acionista do maior comprador de seus produtos?”, indaga o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, no ofício ao presidente da Previ.
Em eventuais disputas comerciais, que sempre acontecem no mundo empresarial, do lado de quem se posicionará o referido conselheiro: a favor da empresa onde detém grande parte do capital ou a favor da empresa onde a Previ investe os recursos de seus quase duzentos mil participantes?”, questiona Cordeiro.
Para a Contraf-CUT, “indicar para gerir a Brasil Foods um empresário que, diante de um conflito de interesses, pode se posicionar a favor da parte contrária não é, definitivamente, a melhor maneira de preservar o patrimônio construído com o suor e as contribuições mensais de milhares de trabalhadores do Banco do Brasil”.
“Queremos deixar registrada nossa preocupação e solicitar que a decisão sobre este tema seja tomada com a máxima responsabilidade, pautada unicamente pela defesa dos interesses dos associado”, conclui o ofício da Contraf-CUT ao presidente da Previ.
Já a FUP enviou ontem ao presidente da Petros, Luis Carlos Fernandes Afonso, documento em que também questiona a indicação. Para João Antônio de Moraes, presidente da Federação, o resultado econômico da Petros é que vai “garantir o futuro dos trabalhadores”, mas “não sabemos se o senhor Abilio, a quem respeitamos como empresário, vai defender o interesse da BRF ou do Pão de Açúcar”.
Moraes afirma que “não há nada pessoal em relação ao nome de Abilio” e a questão é uma só: “o interesse dele, em trabalhar pelo lucro e em fortalecer os negócios, vai ser maior em relação a qual companhia: BRF ou Pão de Açúcar?”.