O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, participou nesta quinta-feira, 18, de audiência em Brasília com o presidente da Câmara dos Deputados Federais, Arthur Lira (PP/AL), que contou também com a participação dos presidentes da CUT, Sérgio Nobre, da IndustriAll Brasil, Aroaldo de Oliveira, e da Força Sindical, Miguel Torres. Articulada pela liderança do PT, a reunião teve como objetivo discutir propostas para recuperar a indústria nacional e estancar a privatização do Sistema Petrobrás e as perdas geradas pela operação Lava Jato.
Os dirigentes sindicais apresentaram ao presidente da Câmara estudo do Dieese que denuncia os estragos feitos pela Lava Jato na economia do Brasil, ao destruir a indústria nacional e acabar com milhões de empregos. O estudo revela que a operação resultou na perda de 4,4 milhões de empregos e R$ 172,2 bilhões de investimentos para o país. Por conta disso, o PIB deixou de crescer 3,6% entre 2014 e 2017, a economia perdeu R$ 85,8 bilhões somente em massa salarial e o Estado deixou de arrecadar R$ 47,4 bilhões em impostos.
A audiência contou com a participação dos deputados Bohn Gass (PT/RS), Vicentinho (PT/SP), Reginaldo Lopes (PT/MG) e Marcelo Ramos (PL/AM), vice-presidente da Câmara. Os parlamentares, junto com as lideranças sindicais, sugeriram a Arthur Lira a criação de um grupo de trabalho específico para discutir medidas para retomar o crescimento da indústria nacional, para geração de empregos e proteção dos postos de trabalho e direitos da classe trabalhadora. “A geração de emprego é a grande pauta da classe trabalhadora e mostramos para o presidente da Câmara que a Petrobrás está sendo fatiada e privatizada, assim como as demais estatais brasileiras. É urgente que o país discuta o fim das privatizações. Todos os momentos em que o Brasil teve crescimento econômico foi com planejamento do Estado, com investimentos públicos e puxado pelas empresas estatais”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre.
Os sindicalistas também apresentaram ao presidente da Câmara o documento intitulado “A Petrobras é do Brasil”, que reforça a urgência de medidas para recuperar o papel econômico e social que a empresa sempre teve no Brasil, desde sua criação. “A Petrobrás foi e ainda é o principal instrumento de fomento à industrialização do Brasil nos últimos 70 anos. Porém, nos últimos anos a empresa foi capturada pelo capital financeiro que vem impondo na empresa a lógica do lucro no curto prazo em detrimento do longo prazo e do papel de alicerce do desenvolvimento do país. Precisamos resgatá-la e trazê-la para o controle real do Estado Brasileiro novamente. A empresa precisa voltar a investir, voltar a gerar as centenas de milhares de empregos diretos e indiretos, voltar a fomentar o desenvolvimento com inclusão social no país”, destaca o documento, assinado pelo coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, e pelo presidente da CUT, Sérgio Nobre.
O documento elenca algumas das propostas do movimento sindical para fortalecimento da Petrobrás:
Interromper a venda das refinarias e mudar a política de preços
O tema dos preços dos derivados é central e uma nova política é necessária. Nos últimos anos, os preços dos derivados estão subindo muito acima do aumento da inflação e da renda do brasileiro, o está fomentando uma reação popular contrária à Petrobrás e ao governo. O governo pode perder o controle! As refinarias não estão trabalhando em carga máxima. Em 2020, ficaram em 77% de sua capacidade de produção. A Petrobrás tem optado por reduzir a carga, exportar petróleo cru e importar derivados. As refinarias podem ajudar na redução dos preços, aumentando a produção. Temos que retomar os investimentos no aumento da capacidade do refino também. O segundo trem da RNEST é fundamental. Mas é preciso, também, mudar a política de preços e levar em consideração outros fatores além da paridade de importação, como os custos de produção, por exemplo. Isso é possível e não traz prejuízos para a Petrobrás.
Retomar investimentos no Brasil e a política de conteúdo local
A Petrobrás precisa voltar a investir no Brasil. Os investimentos da empresa em 2020 foram os mais baixos dos últimos 20 anos, 50% abaixo do realizado em 2016, que já era bem abaixo dos anos anteriores. Estes investimentos geram empregos e renda e desenvolvimento. Precisamos retomar os índices de conteúdo local, que caíram de 55%, em média, para 25%.
Fortalecer a integração do Sistema Petrobrás
Não pode vender mais ativos, a empresa precisa ser integrada para sofrer menos impactos com a flutuação do preço do barril e do dólar. A escolha por ter uma Petrobrás atuando em vários setores, integrada, tinha a ver com sua capacidade de superar gargalos em vários setores na cadeia de óleo e gás e reduzir riscos. A Petrobras integrada e atuando em todas as regiões gera mais lucro para os acionistas e induz o desenvolvimento do país.
Restabelecer o diálogo com os trabalhadores
A gestão da empresa precisa dialogar mais com os trabalhadores e movimento sindical. Precisa de um canal de diálogo para não voltarmos a conviver com movimentos grevistas. As mudanças no mundo do trabalho requerem negociações difíceis, mas abertas entre as partes.
> Acesse aqui a íntegra do documento apresentado ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira