Em plena pandemia, em meio à mais grave crise econômica e humanitária dos últimos tempos, cerca de 2 mil famílias foram covardemente despejadas na manhã desta quinta-feira, 01, de um terreno abandonado há anos pela Petrobrás, em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro. A ocupação “Campo de Refugiados Primeiro de Maio” abrigava mulheres e homens desempregados, crianças e idosos sem teto, que foram, retirados à força do local em uma ação violenta de reintegração de posse movida pela Petrobrás.
Policiais do Batalhão de Choque da Política Militar invadiram o acampamento no início da manhã, em uma operação de extrema violência, lançando bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água sobre as famílias, que tentaram resistir à truculência. As imagens do confronto foram exibidas pelas redes de TV que cobriram a ação truculenta. Barracas de lonas foram incendiados, enquanto mulheres e crianças gritavam, implorando para que não fossem despejados.
Cenas que revoltam e que deveriam envergonhar os gestores da Petrobrás. O terreno, ocupado pelas famílias no dia primeiro de maio deste ano, foi doado pela prefeitura de Itaguaí à empresa para construção do Comperj, que acabou sendo instalado em Itaboraí. Ou seja, o terreno está abandonado há cerca de dez anos.
A FUP repudia a atitude da gestão da Petrobrás e a violência da polícia no despejo de centenas de famílias que não têm para onde ir. Quando souberam da ocupação, a federação e os Sindicatos de Petroleiros do Norte Fluminense e de Duque de Caxias se mobilizaram com doações de alimentos para os sem teto. Por conta destas ações de solidariedade, a gestão da Petrobrás demitiu arbitrariamente o diretor do Sindipetro-NF, Alessandro Trindade, que coordena o movimento Petroleiro Solidário, que tem arrecadado recursos durante a pandemia para compra de cestas básicas que são distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social no estado do Rio de Janeiro, inclusive as que ocuparam o terreno em Itaguai.
“Essa ocupação é o retrato do que estamos vivendo hoje no país, com recordes de desempregados e a miséria e a fome avançando. A solidariedade precisa ser cada vez mais fortalecida e, nós petroleiros, continuaremos fazendo a nossa parte para levar comida para os brasileiros e brasileiras que estão nesta situação”, afirma o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
[Imprensa da FUP / Fotos: Cristina Boeckel/G1]