Em nova Carta Aberta enviada nesta segunda-feira, 30, ao Conselho de Administração da Petrobrás, a FUP torna a alertar sobre os riscos de ter na Presidência da empresa um gestor que “responde na justiça a ação por improbidade administrativa e que no passado causou prejuízo de mais de US$ 1 bilhão à companhia”.
Veja à íntegra do documento:
Rio de Janeiro, 30 de maio de 2016
Ao Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás
Luiz Nelson Guedes de Carvalho
Credibilidade do Conselho de Administração da Petrobrás está em risco
Às vésperas do Conselho de Administração se posicionar sobre a indicação de Pedro Parente para a Presidência da Petrobrás, a imprensa noticia que ele já assumiu o comando da companhia, antes mesmo de ter sido nomeado.
Se isso realmente se confirmar, é a desmoralização do CA e do chamado Teste de Integridade, ao qual Parente deve ser submetido, como determina o próprio estatuto da Petrobrás.
Será que estão reproduzindo na companhia a cena vergonhosa que entrou para os anais da política brasileira em 1985, durante as eleições municipais de São Paulo, quando Fernando Henrique Cardoso sentou na cadeira de prefeito na véspera do pleito?
Naquela ocasião, FHC acabou derrotado por Jânio Quadros. E agora? O Conselho de Administração da Petrobrás, que até pouco tempo atrás defendia ardorosamente a independência da empresa em relação ao governo e aos partidos políticos, vai referendar a nomeação de Pedro Parente?
Se o Teste de Integridade tiver de fato o objetivo de garantir a “moralidade pública”, a “transparência” e a “accountability”, como propôs o Ministério Público Federal em 2015 ao criar esse instrumento, Pedro Parente jamais poderia sequer ser indicado para a Presidência da Petrobrás, muito menos nomeado.
Como aceitar no comando da empresa alguém que responde na justiça a ação por improbidade administrativa e que no passado causou prejuízo de mais de US$ 1 bilhão à companhia?
A tão defendida independência da Petrobrás em relação ao governo ficou para trás? Os procedimentos de governança corporativa, conformidade e integridade propagados pelos gestores como os principais valores da companhia serão jogados no lixo?
A FUP torna a alertar os conselheiros da empresa para a responsabilidade que têm diante desse processo.
Se referendarem a nomeação de Pedro Parente, será a desmoralização do CA, que perderá sua autoridade e autonomia, evidenciando o jogo de cartas marcadas entre o governo ilegítimo de Michel Temer e o mercado.
O que está em risco é o futuro e a credibilidade da Petrobrás.
Os petroleiros reforçam o apelo já feito aos conselheiros da empresa para que rejeitem a nomeação de Pedro Parente.
José Maria Rangel
Coordenador Geral da FUP