FUP abre negociação com a Petrobrás, cobrando mudanças no SMS e pendências do Acordo

A empresa não respondeu a pauta econômica dos trabalhadores que foi protocolada há duas semanas…





Imprensa da FUP

Na reunião desta terça-feira (27), com a FUP, a Petrobrás e suas subsidiárias não responderam a pauta econômica dos trabalhadores que foi protocolada há duas semanas na empresa. A Federação destacou as pendências do atual Acordo Coletivo que ainda não foram resolvidas, como é o caso da retenção de verbas das prestadoras de serviço para cobertura das rescisões dos trabalhadores terceirizados e a revisão e atualização das tabelas de reembolso do Programa Jovem Universitário. Outra questão bastante enfocada pelos sindicalistas na reunião foi a urgência de um novo modelo de SMS para dar um basta aos acidentes e mortes na Petrobrás.

Abono para os gerentes

A FUP questionou a verba que os gerentes, supervisores e consultores receberam nesta segunda-feira (26), surpreendendo o movimento sindical e os trabalhadores, às vésperas da primeira rodada de negociação. A Gerência de RH informou que, por decisão da diretoria da Petrobrás, foi paga uma “gratificação extraordinária” para funções gratificadas, referente a 60% de uma remuneração, num total de R$ 90 milhões. Segundo o RH, a tal “gratificação” contemplou cerca de 9.500 gerentes, consultores, coordenadores e supervisores, somente na Petrobrás.

A FUP condenou a falta de transparência e a postura antidemocrática e corporativa dos dirigentes da empresa, que, para privilegiar a sua base social, desqualificaram e discriminaram os demais trabalhadores. Enquanto isso, falta vontade política da Petrobrás em implementar um mecanismo de retenção de verbas das empresas contratadas para garantir o pagamento das rescisões dos trabalhadores terceirizados. Esta é uma conquista do atual Acordo Coletivo e que os gestores da Petrobrás alegam mil e um entraves jurídicos para colocar em prática. É a velha política de um peso e duas medidas. Para privilegiar gerentes e consultores, os diretores da empresa movem céus e terras, mas quando se trata dos trabalhadores de macacão, principalmente os que não têm crachá verde, tudo se transforma em dificuldades e impeditivos.

Pendências do ACT

A Petrobrás propôs discutir o Programa Jovem Universitário durante as negociações do Termo Aditivo ao Acordo Coletivo. Já em relação à retenção de verbas das terceirizadas, a Gerência de RH informou que continua buscando mais subsídios junto ao Ministério do Planejamento para a proposta que está sendo discutida pelo grupo de trabalho montado pela empresa. A Gerência de RH propôs uma reunião específica com a FUP para discutir os trabalhos que estão sendo desenvolvidos por este grupo na construção de um mecanismo que garanta a cobertura das verbas rescisórias dos trabalhadores terceirizados. A FUP concordou com a reunião, mas criticou de forma enfática a morosidade e a falta de vontade política da Petrobrás em cumprir o que foi acordado com os trabalhadores, ressaltando que esta questão é fundamental para o andamento da campanha salarial. 

Segurança tem que ser prioridade

A FUP destacou as mobilizações que os petroleiros realizaram ao longo desta terça-feira, na entrada do expediente e nas trocas de turno, com foco principal nas questões de segurança. A FUP lembrou que 27 de julho é o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes e voltou a exigir um basta às mortes e riscos diários vividos pelos trabalhadores próprios e terceirizados, principalmente nas áreas operacionais do Sistema Petrobrás.

Os dirigentes sindicais destacaram que o acidente provocado pela BP, que matou 11 trabalhadores no Golfo do México e causou o maior desastre ambiental da indústria de petróleo, só reforça a relevância que o SMS deve ter neste setor, onde o lucro tende a ser priorizado, em detrimento da saúde e segurança dos trabalhadores. A FUP ressaltou a iminência de um acidente de grandes proporções na Petrobrás, caso a empresa continue menosprezando os alertas e reivindicações da categoria.

As inúmeras ocorrências registradas na Bacia de Campos revelam como a Petrobrás relega ao SMS um papel secundário na gestão da empresa. As diretrizes de segurança continuam sendo tratadas como marketing e não ações de fato preventivas, o que reforça as críticas da FUP sobre a forma autoritária como a Petrobrás lida com o SMS. Enquanto falta vontade política da empresa para alterar esta realidade, os trabalhadores continuam morrendo e sendo mutilados.  Desde 1995, já ocorreram 283 mortes por acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, sendo que 228 com trabalhadores terceirizados. A Federação frisou que é preciso dar um basta a este absurdo e cobrou uma atitude propositiva da empresa.

Novo modelo de segurança – em resposta às reivindicações da FUP, a Gerência de RH propôs a criação de um fórum para debater a política de SMS no Sistema Petrobrás e agendou para o dia 04 uma reunião para discutir a composição deste fórum e a forma como será realizado o debate. A Federação ressaltou que este fórum deve ter um caráter amplo e com participação de representantes da diretoria e gerências executivas, focado em discutir e implementar um novo modelo de SMS na empresa, tendo como base as proposta da categoria.

Cumprimento da NR-5 – a FUP voltou a denunciar que as gerências da Bacia de Campos têm impedido o embarque de representantes do Sindipetro-NF para participação nas reuniões da CIPAs, descumprindo o Acordo Coletivo e o que determina a NR-5. A Gerência de RH propôs a realização de uma reunião específica na próxima segunda-feira, 02, para resolver esta questão, com a participação da FUP.