FSM: Movimento sindical internacional deve ampliar a unidade para enfrentar a ofensiva das multinacionais e governos opressores

CUT

TÚNIS, Tunísia – Neste primeiro dia de debates no Fórum Social Mundial (FSM) que acontece em Túnis, capital da Tunísia, a secretária-geral da CSI (Confederação Sindical Internacional), Sharan Burrow, fez um chamado as centenas de lideranças presentes na atividade realizada na manhã desta quarta (27) pela ampliação e fortalecimento da unidade entre o movimento sindical internacional para enfrentar a ofensiva das multinacionais, do sistema financeiro e dos governos opressores.

O aprofundamento da crise desafia as entidades a articularem ações globais em oposição ao capitalismo. “Neste momento, é fundamental o papel da unidade e da mobilização dos setores populares para fazer a disputa de hegemonia. Outro mundo é possível e a gente acredita que a luta dos trabalhadores pode resultar em grandes transformações sociais”, afirmou Sharan.

A dirigente da CSI saudou o fato do Fórum Social Mundial estar ocorrendo na Tunísia, um País cuja mobilização popular foi indutora de grandes mudanças na sociedade. “Continuaremos apoiando o movimento dos trabalhadores no mundo árabe na luta por liberdade e consolidação de direitos.”

O secretário geral União Geral de Trabalhadores Tunisianos (UGTT), Houcine Abassi, recordou em sua fala que a entidade teve um papel central na construção deste movimento revolucionário, organizando e aprofundando a luta por democracia, direitos e melhores condições de vida.

“Havia muita vontade, mas pouca unidade e organização. A UGTT convocou várias greves que foram determinantes. Nosso compromisso não é apenas em apoiar a revolução, mas aprofundá-la para resultar em novas conquistas à população. Acreditamos que um outro mundo é possível, sem pobreza, violência, analfabetismo ou guerra, com igualdade social, distribuição das riquezas. Um mundo em que a Palestina tenha seu Estado e seja livre”, elencou o dirigente saudado pelos presentes com gritos de ‘A Palestina é árabe. Abaixo ao sionismo’.

Ação solidária entre os movimentos – no período da tarde, a secretária nacional de Comunicação da CUT dividiu uma mesa com lideranças de entidades sindicais do Quebec (Canadá), Tunísia, Congo, França, Bélgica e País Basco, para debater ‘transformação social e renovação política’, em atividade convocada pela CSN (Confederação dos Sindicatos Nacionais) do Quebec.

Em um momento onde a ofensiva patronal é cada vez maior, os dirigentes reforçaram a importância de pensar e articular uma ação solidária entre os diversos movimentos sociais na construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, onde haja um sistema de proteção do emprego, trabalho decente e assistência social.

De acordo com os dirigentes, é estratégico para o êxito da luta a unidade entre o movimento sindical e as entidades populares, onde se deixa de lado as diferenças para pensar no conjunto da classe trabalhadora.

“Vivemos um momento onde o capitalismo tem aprofundando a política de um Estado cada vez menor e direitos dos trabalhadores cada vez mais precarizados. Os neoliberais e capitalistas não saem do governo. Estão sempre na espreita buscando uma oportunidade para retirar direitos, acabar com os marcos legais de proteção social, numa busca desenfreada por ganhos materiais e econômicos”, rechaçou Rosane.

Para a dirigente da CUT, os sindicatos precisam ampliar suas ações para além da negociação coletiva. “É fundamental se colocar como ator político e ter a capacidade de intervir na política. Não podemos esperar a apresentação do governo sobre seus pacotes. O movimento sindical precisa se antecipar para intervir nas decisões políticas e econômicas do País sem jamais perder a sua autonomia”, argumentou.

No Brasil, mais de 50% da população economicamente ativa são mulheres. Assim, segundo Rosane, não dá para pensar no movimento sindical sem pensar na vida das mulheres, dos jovens e no processo formativo dessa nova geração, desde os espaços de consciência até a questão cultural.

A líder CUTista encerrou afirmando que “não podemos perder a nossa capacidade de nos indignar, de formular propostas e sair às ruas em grandes mobilizações. Esse é o grande combustível para as mudanças que tanto queremos.”