De acordo com Guilherme Boulos, a crítica ao governo não coloca os movimentos sociais ao lado dos que querem usurpar o poder
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou nesta quinta-feira (8) que os movimentos e centrais sindicais que compõem a Frente Povo Sem Medo não vão aceitar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como saída para a atual crise. “Nos somos contra qualquer saída à direita e este impeachment, da forma como vem sendo construído, é uma saída à direita”, afirmou. A frente é composta também pela CUT, CTB e UNE, entre outras organizações, e seu lançamento oficial ocorre na noite desta quinta-feira, no centro de São Paulo.
Para Boulos, é preciso entender que a crítica ao governo não coloca os movimentos ao lado daqueles que se aproveitam da crise para usurpar o poder. “Nós temos que tirar a perspectiva de esquerda do país de uma lógica binária. É possível, sim, uma posição na esquerda brasileira que seja crítica e independente, mas também não aceite saídas à direita. Da mesma forma que há críticas duras a essa política de austeridade há uma rejeição igualmente clara neste espaço a saídas à direita para a crise”, afirmou.
Ontem (7), o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou, por unanimidade, a reprovação das contas do exercício 2014 da gestão Dilma, o que pode ser usado pela oposição como justificativa para abertura de um processo de impeachment. As contas agora serão analisadas pela Comissão Mista (Câmara e Senado) de Orçamento, que vai decidir sobre o parecer do TCU – posteriormente, a votação irá a plenário.
Em artigo publicado hoje, o líder sem-teto já havia colocado em xeque a legitimidade dos ministros do TCU em julgar a presidenta. “Vários ministros estão sendo investigados e o relator das contas é investigado na Operação Zelotes. As saídas que estão querendo construir, seja com Michel Temer ou o PSDB, são ruins para a classe trabalhadora.
A Frente Povo Sem Medo terá três eixos de atuação, com o objetivo de “contribuir para um novo ciclo de mobilizações sociais no país”, segundo Boulos. E terá o trabalho de base nas periferias como método fundamental para “acumular forças para uma saída à esquerda para a atual crise política e econômica.
O primeiro eixo será o combate às políticas de austeridade, como o ajuste fiscal, os cortes em programas sociais e o arrocho salarial dos servidores federais. O grupo também pretende combater as políticas conservadoras, como a ampliação das terceirizações e a redução da maioridade penal e apresentar uma saída à esquerda para a crise. “Mas não apenas isso, uma saída dos de baixo, com o povo”, ressaltou o ativista.
Os primeiros atos da Frente Povo Sem Medo serão dia 8 de novembro. Estão previstas manifestações em várias cidades. Em São Paulo, deverá ser na Avenida Paulista, que tem sido o local de referência para os grupos conservadores e antipetistas realizarem protestos por impeachment, pela volta da ditadura e contra os programas sociais.
Os militantes pretendem ainda pressionar o Congresso Nacional e o governo federal para avançar em reformas, como a do sistema político, do Judiciário, das comunicações, a tributária, a urbana e a agrária.
Fonte: Rede Brasil Atual