Frente Brasil Popular quer unificar ação de movimentos sociais

Em busca de unidade política para enfrentar a crise e os principais problemas da população, organizações sociais de todo o país decidiram se juntar em uma mesma articulação, denominada Frente Brasil Popular. A conferência nacional que formalizará a criação do novo grupo vai ser realizada neste sábado (5), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. São esperados milhares de militantes de movimentos populares, sindicais, pastorais, LGBT, organizações de juventude, do movimento negro, ativistas digitais, veículos de mídia alternativa, partidos políticos, intelectuais, religiosos, entre outros. Eles vão debater as propostas da Frente e aprovar um modelo de organização do grupo, que terá atuação em todo o território nacional.

“Está claro que as organizações e movimentos sociais sozinhos já não conseguem mais pressionar com a mesma força por suas demandas e as demandas do povo. Por isso, a iniciativa de construir uma frente foi justamente pensando na capacidade de articular consensos, definir pautas convergentes e fortalecer as lutas nas ruas”, avalia Beatriz Cerqueira, presidenta do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) e dirigente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Ao todo, a Frente Brasil Popular vai atuar em seis eixos: direitos dos trabalhadores, direitos sociais, defesa da democracia, soberania nacional, reformas estruturais e integração latino-americana. Pela dinâmica proposta, os participantes da conferência vão se dividir em grupos temáticos para debater de forma detalhada cada uma dos eixos. Serão discutidos assuntos como: melhoria nas condições de vida da população (renda, emprego, transporte público, acesso à moradia), redução da maioridade penal e violência contra a juventude da periferia, reforma política, democratização da mídia, e reformas agrária, urbana e tributária.

A Frente deverá criar instâncias deliberativas e de organização, explica Frederico Santana Rick, da Consulta Popular. “A proposta que será apresentada prevê a realização de plenárias amplas nos municípios e comunidades, e que possam resultar na construção de coletivos”, detalha. “Há também a proposta de que, com o tempo, a Frente avance na construção de estruturas de base, como comitês e núcleos por temas”, acrescenta. Ao final, a conferência vai aprovar um calendário de lutas, cuja primeira ação deve ser um ato nacional, no dia 3 de outubro, contra as tentativas de mudança na lei do pré-sal em favor das empresas estrangeiras, o que pode comprometer os recursos para a saúde e educação.

Para o secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thiago Pará, o lançamento da Frente ocorre em um momento crucial da conjuntura do país, que assiste ao acirramento das lutas sociais e a tentativa de setores mais conservadores de pautar em pautar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Não podemos aceitar nenhuma tentativa de golpe contra o voto popular, mas a discussão pela democracia não passa só por isso. Precisamos de reformas mais profundas, como a mudança do atual sistema político do país e a democratização dos meios de comunicação”, aponta.

Constituinte

Um dia antes da conferência, Belo Horizonte também sediará o Encontro Nacional e Popular pela Constituinte do Sistema Político. A atividade marca um ano do plebiscito popular que recolheu quase 8 milhões de votos em favor de uma assembleia nacional constituinte para modificar o atual sistema político, com o intuito de pôr fim ao financiamento empresarial de campanhas eleitorais, ampliar a representação das mulheres e da população negra nos cargos eletivos, fortalecer os mecanismos de participação social na política, entre outros. No mesmo dia, ativistas digitais, midialivristas e comunicadores vão realizar uma reunião nacional de mídias populares para debater estratégias de fortalecimento de uma rede de comunicação alternativa.

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Fonte: Brasil de Fato