Fórum Social Mundial traz novos ares à “Primavera Árabe”

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FUP

Mais de 30 mil militantes sociais, estudantes, intelectuais, sindicalistas e ativistas políticos abriram na terça-feira, 26, a décima terceira edição do Fórum Social Mundial, com uma grande marcha que tomou as principais ruas do centro de Tunís, capital da Tunísia, país do Norte da África, onde há dois anos teve início a “Primavera Árabe”. Como em todas as edições anteriores, a FUP esteve presente e acompanhará as atividades, contribuindo com o debate de temas estratégicos, como soberania energética e inclusão social. Na quinta-feira, 28, a Federação e articuladores do projeto de alfabetização “Mova Brasil”  participarão de um debate sobre educação e direitos humanos.

A marcha de abertura do FSM teve início na mesma praça, onde em dezembro de 2010 eclodiu a revolta social que derrubou em janeiro do ano seguinte o ditador Zine el Abidine Ben Ali, que há 24 anos comandava o país em um regime de terror e autoritarismo. Os protestos na Tunísia se espalharam para outros países do Norte da África e Oriente Médio, iniciando um movimento por democracia e direitos humanos, que ficou conhecido como a “Primavera Árabe”.

Tendo esse ano como principal tema a luta pela dignidade o Fórum Social Mundial volta a reafirmar que “Um outro mundo é possível”, conclamando os povos a repensarem alternativas ao atual modelo capitalista e aos sistemas de hegemonia e dominação política e cultural. Essa tem sido a razão de existência do FSM, desde que foi criado em janeiro de 2001, em contraposição ao Fórum Econômico Mundial.

A falência do capitalismo selvagem está no centro dos debates da crise que afeta hoje as duas margens do Mediterrâneo: os países do Norte da África e do Sul da Europa. Enquanto na Europa, os povos lutam para preservar suas conquistas sociais, os modelos econômicos adotados pela Tunísia e por outros países do Norte da África e do Oriente Médio são mais excludentes e ainda fazem a apologia do neoliberalismo, como alicerce da democracia. “Ditaduras foram eliminadas, mas o modelo econômico selvagem continuou”, ressalta o sociólogo português Boaventura de Souza Santos.

Esse é um dos principais debates que repercutirá nas atividades do Fórum Social Mundial, que prossegue até sábado, 30, com participação de cerca de 70 mil pessoas de todos os cantos do planeta. Algumas atividades já iniciaram os debates, como o 3º Fórum Mundial de Mídias Livres, que discutiu a democratização da comunicação e o fundamental papel das mídias sociais na “Primavera Árabe”; a Assembleia de Mulheres, que enfocou a luta feminina contra a opressão, principalmente nos países árabes e africanos; e a Assembleia Sindical, que contou com a participação da FUP, CUT e CTB e cujos debates reforçaram a necessidade de ações unitárias para se contrapor à globalização neoliberal e ao seu receituário de austeridade e retirada de direitos sociais.