Em um ato simbólico, representantes do Fórum Baiano em Defesa da Petrobrás reabriram, na manhã de sexta-feira (29), os portões do Torre Pituba, edifício sede da Petrobrás na Bahia, onde funcionava a área administrativa da empresa antes da atual gestão da estatal desmobilizar o prédio e transferir os trabalhadores para outros estados.
O gesto foi a forma encontrada por eles para reafirmar a luta contra a saída da Petrobrás da Bahia e denunciar o desmonte proposital da estatal, justamente no estado onde o petróleo foi descoberto e a Petrobrás nasceu.
O Fórum é composto por entidades representativas dos petroleiros: Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Núcleo-Bahia (AEPET-BA), Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Petrobras da Bahia (ASTAPE-BA) e a Associação Brasileira dos Anistiados Políticos do Sistema Petrobrás (ABRASPET).
Não ao desmonte e à politica de preços da Petrobrás
O ato teve também como objetivo denunciar e protestar contra a política de preços da atual gestão da Petrobrás, denominada PPI (preço de paridade de importação) – implementada pelo governo Temer em outubro de 2016 e mantida pelo governo Bolsonaro, que atrela os valores dos derivados de petróleo no Brasil ao preço do barril de petróleo no mercado internacional e ao dólar e não considera os custos nacionais de produção. O que está levando aos sucessivos aumentos, muito acima da inflação, dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha (GLP).
Em relação aos aumentos dos combustíveis e a disparada da inflação, o Coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, falou, em tom de indignação, sobre o lucro de R$ 31, 1 bilhões da Petrobrás em apenas três meses, devido aos preços abusivos dos combustíveis e gás de cozinha. Para ele este é um processo de expropriação das nossas riquezas. “Estamos falando agora de R$ 63,4 bilhões de reais que a gestão bolsonarista da Petrobrás vai passar via dividendos para acionistas, principalmente internacionais, em detrimento da população brasileira”.
Deyvid traçou o quadro da realidade no Brasil. “Se sangra os cidadãos com preços extremamente abusivos dos combustíveis, – gasolina já ultrapassa os R$ 7,00, o gás de cozinha já passa de R$ 120,00 reais em vários estados e o diesel já chega ao patamar de mais de R$ 5,00 – para beneficiar não a União, mas os acionistas internacionais. O coordenador denunciou que este “foi um compromisso que Paulo Guedes e seu amigo Castelo Branco fizeram na Bolsa de Nova York de que iriam passar anualmente, pelo menos R$ 30 bilhões em dividendos para os acionistas. É um crime o que estão fazendo”, afirmou.
“Nós queremos a Petrobrás de volta à Bahia e ao Nordeste. A Petrobrás é uma empresa pública, integrada e é assim que ela deve continuar sendo”, afirmou o Diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa. Para ele “a população brasileira precisa se indignar com o que está acontecendo com a Petrobrás, pois esse desmonte não diz respeito só aos funcionários da empresa, é um ataque à soberania e ao país. A Petrobrás nunca foi tão atacada como agora. É uma pilhagem à luz do dia. Um saque institucional, promovido pelo governo Bolsonaro”.
Líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado estadual pelo PT, Rosemberg Pinto, lamentou que a atual gestão da Petrobrás esteja colocando a estatal a serviço dos acionistas e não do Brasil e da po9pulação brasileira. O deputado alertou que “a privatização da Petrobrás já acontece e o nosso grande desafio é nos comunicar com a população, mostrar que a luta pela não privatização da Petrobrás não é de interesse somente dos petroleiros, mas, principalmente da população brasileira”. Rosemberg elencou as unidades do Sistema Petrobrás que estão sendo vendidas na Bahia, ressaltando ainda o pedido de retomada do terreno do CEPE Stella Maris pela Petrobrás. “É uma saga absurda contra os interesses sociais”, finalizou.
O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) disse que hoje no Brasil “a atmosfera é de desespero social porque o povo não aguenta mais”. O deputado citou o exemplo do Chile, onde o neoliberalismo levou o país ao caos, mas que a população ocupou as ruas e está conseguindo colocar em pauta reformas de verdade, retomando a liberdade e a justiça social. Ele falou da importância de intensificar a luta em defesa da Petrobrás e das outras empresas estatais. “Este é o momento de retomar tudo, de fazer o contramovimento a todo o processo de privatização. Este é o momento da luta política que nós estamos chamados a responder”, afirmou.
A direção do Sindipetro Bahia parabeniza todas as entidades de petroleiros que compareceram ao ato e também `a CUT Bahia, representada pelo seu vice-presidente, Leonardo Urpia. “Estamos no rumo certo, fortalecendo a luta em defesa da Petrobrás e da soberania nacional e trilhando o único caminho possível, que é o da unidade”.
[Da imprensa Sindipetro Bahia]