Fortalecer a greve é a resposta da categoria à truculência da Petrobrás

 

Como em maio de 1995, a Petrobrás se utiliza de instrumentos ditatoriais de repressão e intimidação para tentar desestabilizar a greve nacional dos petroleiros. Se há 20 anos, FHC autorizou o Exército a ocupar as refinarias com tanques e tropas de soldados armados, desta vez os gestores recorrem à truculência da Polícia Militar, mandando agredir trabalhador e prender dirigentes sindicais.

 

Menos de 48 horas após a prisão ilegal do representante dos petroleiros no Conselho de Administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, quando exercia o legítimo direito de greve em frente à Rlam, na Bahia, outro dirigente sindical foi preso nesta quinta-feira (05). Desta vez, a ilegalidade aconteceu no Terminal da Transpetro, em São Caetano do Sul, onde a PM reprimiu violentamente os trabalhadores e militantes que participavam de uma mobilização.

Em ato realizado nesta quinta-feira (05), pela manhã, na Rodovia BA 422, no trevo de acesso à Rlam, o Comando de Greve da FUP, junto com o presidente da CUT, Vagner Freitas, dirigentes da CTB e representantes dos movimentos sociais, repudiou as ações truculentas da Polícia e dos gestores da Petrobrás. “Nós fazemos parte de uma classe trabalhadora que derrubou uma ditadura militar em nome da democracia, pra ter direito à liberdade de expressão”, destacou o presidente da CUT, que manifestou sua solidariedade aos petroleiros e afirmou que a Central fará ações políticas e jurídicas para denunciar as práticas antissindicais da empresa.

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, destacou que a reação violenta da Petrobrás à greve não irá intimidar os petroleiros. Pelo contrário, quanto mais a empresa atacar os trabalhadores,  mais irá fortalecer a luta da categoria, pois é uma demonstração de que os trabalhadores estão no caminho certo, lutando por seus direitos e por uma Petrobrás forte e soberana.

 “Nossos sindicatos são combativos, filiados a centrais combativas, que têm aliados combativos e que não vão se curvar nem à Polícia, nem aos gestores que tratam trabalhador como bandido”, ressaltou Zé Maria, fazendo um alerta à categoria:  “Não podemos acreditar nas mentiras contadas pela mídia, que está querendo o sucateamento da empresa, para que seja vendida a preço de banana, assim como a criminalização dos movimentos sindicais, para que estes percam a credibilidade junto à sociedade”. 

Intimidações não deterão os petroleiros

Neste quinto dia de greve nas bases da FUP, os petroleiros seguem resistindo às ações antissindicais da Petrobrás. Se por um lado, as gerências assediam os trabalhadores e suas famílias com telefonemas, e-mails e mensagens de WhatsApp intimidatórias, por outro recorrem a instrumentos jurídicos arbitrários contra os sindicatos, na tentativa de barrar a greve da categoria.

Os interditos proibitórios, uma medida que trata do direito de propriedade, é uma das ilegalidades utilizadas pela empresa para impor multas absurdas aos sindicatos, num claro atentado contra o direito de  greve e de organização sindical. As multas chegam a R$ 150 mil por cada dia de greve! Além disso, a Petrobrás, com a conivência da justiça, está repetindo uma das mais abusivas ações da greve de maio de 1995, ao começar a confiscar as contas dos sindicatos. Na Bahia, o sindicato já teve suas contas bloqueadas.

Supervisores da UTE-MS abrem mão de cargos comissionados  e fortalecem a greve

 

Os supervisores interinos de operação da Usina Termelétrica Luís Carlos Prestes (UTE LCP), em Três Lagoas (MS) – base sindical do Unificado-SP – abriram mão dos seus cargos comissionados, impedindo a unidade de formar uma segunda equipe de contingência. Ontem, um oficial de Justiça esteve na termelétrica para averiguar a situação do contingente e, por meio de habeas corpus, liberar a saída do pessoal, que está trabalhando há mais de 72 horas, ininterruptamente. Os supervisores que integram a contingência, no entanto, apesar de exaustos, se negaram a sair. Os operadores da usina, cujos grupos de turno estão 100% na greve, também estão assinando um documento no qual se negam a ocupar cargos de supervisão ou interinidade.

Quinto dia de greve

Enquanto a Petrobrás recorre à Polícia e aos interditos proibitórios para tentar desmobilizar os trabalhadores, a greve segue forte em todo o país, impactando cada vez mais a produção. Na Bacia de Campos, as principais plataformas seguem paradas. Com isso, 25% da produção nacional de petróleo foi reduzida.

Na Bahia, o sindicato estima que metade da produção do estado foi paralisada pela greve. No Rio Grande do Norte, as 13 plataforma que estão paradas já reduziram em 50% a produção de óleo. No Ceará, a greve afetou em 87% a produção de óleo e em 94% a de gás, segundo levantamento do sindicato.

Na Reduc (Duque de Caxias) e na Replan (Campinas), duas das maiores refinarias do país, a produção de coque já começa a ser afetada. Segundo o Sindipetro Caxias, o carregamento de coque e a entrega de produtos químicos na Reduc estão parados, o que gera um prejuízo de mais de  R$ 1 milhão por dia à Petrobrás.

Estão em greve todas as refinarias e terminais das bases da FUP, assim como plataformas, campos de produção terrestre, unidades de tratamento de gás, Fafen`s, Six, usinas de biodíesel e termoelétricas.

Fonte: FUP