FHC, Lula e a greve na Petrobras


Nos últimos dias, como registrou o Rodrigo Vianna no seu blog “Escrevinhador”, o finado FHC teve forte exposição na mídia. “FHC em O Globo. FHC no Roda Viva, FHC na Globo News. O ex-presidente voltou com tudo.

Ele está em campanha aberta. E há, evidentemente, um esforço concentrado da mídia amiga para melhorar sua imagem. No início de 2003, o sociólogo deixou o poder desmoralizado. As privatizações estranhas, a teimosia em manter a paridade do real com o dólar (o que levou o país à bancarrota em 1998/99), o fracasso do segundo mandato, o crescimento pífio, o apagão elétrico. Tudo isso transformou FHC num de morto-vivo político”.

Para bajular o seu herói-neoliberal, a “mídia amiga” poderia até ter aproveitado a ocorrência de uma nova greve dos petroleiros para elogiar a postura do ex-presidente no trato com os grevistas. Em maio de 1995, FHC acionou tropas do Exército para derrotar os trabalhadores da Petrobras. As refinarias foram ocupadas por soldados fortemente armados, vários líderes foram detidos, os sindicatos foram penalizados com multas diárias de R$ 100 mil. Até um assessor da “dama de ferro” Margareth Thatcher foi acionado para ajudar a “quebrar a espinha dorsal” do sindicalismo. Na ocasião, a revista Veja deu capa para FHC, vestido como soldado, e elogiou sua truculência.

Petroleiros retomam sua força

Tal lembrança, emblemática da postura autoritária de FHC, não serviria para limpar sua imagem. No caso do governo Lula, com todas suas limitações, a conduta diante da greve na Petrobras foi bem diferente. Depois da derrota histórica de 1995, hoje os petroleiros comemoram a vitória da sua paralisação. Até o jornal Opinião Socialista, do PSTU, estampou: “Petroleiros fazem greve nacional e saem vitoriosos”. A paralisação durou cinco dias, de 23 a 27 de março, e garantiu importantes avanços, como o aumento de 12,5% na PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a não punição dos grevistas e a retirada dos interditos proibitórios impetrados pela empresa.

A paralisação contou com 80% de adesão no setor operacional e variou, de 30% a 70%, nas áreas administrativas. Outro dado expressivo do avanço desta categoria estratégica foi que a greve uniu os operários da Petrobras com os terceirizados. Além da pauta econômica, os grevistas também apresentaram exigências políticas, como a defesa da estatização integral da empresa. No triste reinado de FHC, o carrasco neoliberal badalado pela “mídia amiga”, a greve seria tratada como caso de polícia, até como forma de intimidar categorias menos organizadas. Hoje, os petroleiros comemoram o avanço das suas lutas e organização.