Ausência de informações precisas e confiáveis dificulta o planejamento de políticas públicas sobre restrições e flexibilizações nos ambientes de trabalho, afirmam pesquisadores
[Por Tiago Pereira, da RBA]
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertaram que faltam dados de saúde ocupacional no Brasil relacionados à covid-19. Hermano Castro e André Périssé dizem que as bases de dados que utilizam para medir os impactos sociais da doença possuem mais de 90% de dados faltantes para variáveis ocupacionais. Eles publicaram esse aviso em carta na revista The Lancet Regional Health Americas.
De acordo com os autores, apesar de o desemprego, a informalidade e alguns empregos classificados como essenciais serem associados a uma maior mortalidade por covid-19, não há informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações no Brasil.
Outro complicador é que, atualmente, as últimas informações disponíveis para trabalho e emprego datam de 2010. Isso porque o governo Bolsonaro adiou para este ano o Censo 2020. Para os pesquisadores, a coleta de dados primários é essencial para auxiliar os gestores públicos no monitoramento de doenças e no planejamento de serviços e ações.
Balanço da covid no Brasil
O Brasil registrou nesta terça-feira (26) 144 mortes e 22.142 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Assim, a média diária de mortes calculada em sete dias ficou 102. Após queda constante desde meados de fevereiro, esse índice permanece praticamente estável nos últimos 10 dias. A média móvel de casos, que ficou em 14.692, registrou leve alta, após três dias abaixo dos 14 mil. Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil tem 662.866 óbitos e cerca de 30,7 milhões de casos de covid-19 confirmados oficialmente.