A Petrobrás vive momento semelhante ao que aconteceu na era FHC com a promoção do desmonte e do sucateamento, que provocou o acidente de P-36. Por isso, a importância de registrar, marcar e lembrar sempre da tragédia que levou a vida de 11 trabalhadores da Petrobrás em 2001.
Há 17 anos, em um 15 de março como hoje, o País era acordado com a notícia de que uma plataforma na Bacia de Campos havia passado por duas explosões e os trabalhadores haviam deixado a unidade no início da manhã. A enorme estrutura de metal, da então maior plataforma do mundo, começava a adernar e, cinco dias depois, afundaria completamente, levando nove corpos de trabalhadores, de um todal de 11 mortos.
A tragédia da P-36 é uma ferida aberta que deixou inúmeras lições, quase todas negligenciadas pelas empresas do setor Petróleo. Entrevistados para um documentário que o Sindipetro-NF está produzindo ao longo de 2018 sobre o acidente alertam, em vídeo que começa ser veiculado hoje pelas redes sociais do sindicato, que o cenário político nacional e de gestão da Petrobrás é, atualmente, muito semelhante àquele de 2001. O sindicato também marca a data com atos nos aeroportos e Face to Face, às 19h30.
“Ainda há muita negligência. E a gente está vivendo um momento assustador nessa nação, quando as leis de proteção ao trabalhador estão sendo descartadas. As conquistas de dezenas de anos, que estavam efetivadas, estão sendo rechaçadas. A terceirização foi legalizada de uma forma tão estranha. E aí a gente tê que o monstro da insegurança foi instaurado”, afirma Marilena Souza, viúva de Josevaldo Souza, um dos petroleiros mortos na P-36.
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, o momento é muito crítico e vivemos o risco iminente de uma nova tragédia. Na época do caso P-36, o País “vivia uma série de privatizações, de destruições, de vazamento na Baía de Guanabara, de vazamento no rio Paranagua”. Ele adverte que “é muito do que a gente vive hoje também. A gente vai embarcar e é efetivo reduzido, é o cara que não está treinado tendo que assumir um posto de trabalho por que se não assumir a chefia manda cartinha assediando”.
Bezerra destaca que hove conquistas na área de segurança depois da tragédia, frutos das lutas dos trabalhadores, como as Cipas por plataforma, os embarques de sindicalistas para reuniões de Cipa e as participações de representandes do Sindipetro-NF nas comissões que investigam acidentes, mas que tudo isso está sob ameaça em razão do cenário político neoliberal que retornou ao País.
O coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, também avalia que o atual momento é propício para uma tragédia. Assim como em 2001, quando o governo “promoveu um verdadeiro sucateamento das nossas unidades operacionais”, hoje os trabalhadores passam por dias “muito semelhantes aos da Era FHC”.
Sindipetro NF