Estudo do Dieese mostra que economia suporta redução da jornada

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)…

Vermelho

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou ontem um estudo com 17 argumentos a favor da proposta de redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. A mudança na legislação está prevista na proposta de emenda à Constituição debatida na Câmara.

Entre os principais pontos do estudo, está a constatação de que a jornada de trabalho no Brasil é uma das maiores no mundo. O estudo também aponta que, no Brasil, além da extensa jornada, não há limite semanal, mensal ou anual para a execução de horas extras. Isso, segundo o Dieese, torna a taxa de realização de horas extras no País uma das mais altas no mundo.

Além de ter capacidade de reduzir a jornada de trabalho sem queda no faturamento das empresas, o estudo revela que a economia pode gerar novos postos de trabalho, já que o país registrou crescimento econômico nos últimos cinco anos e tem perspectivas positivas para o futuro. “O tempo de trabalho total, além de extenso, está cada vez mais intenso, em função de diversas inovações técnico-organizacionais implementadas pelas empresas, como a polivalência, o just in time, as metas e a redução das pausas”, diz o trabalho do Dieese.

Segundo o departamento, a atual jornada de trabalho de 44 horas semanais está provocando o aumento dos índices de faltas e o aparecimento de um número maior de pessoas doentes por estresse, depressão, hipertensão, distúrbios no sono e lesões por esforços repetitivos. Além disso, segundo o estudo, não haveria aumento significativo de custos para as empresas. “Uma redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais representaria um aumento no custo total de produção de apenas 1,99%”, defende o texto.

Na comissão geral realizada ontem, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, afirmou que a decisão sobre redução da jornada de trabalho é eminentemente política. “O Brasil está preparado para conduzir uma redução da jornada de trabalho que elevará a qualidade de vida do seu povo e garantirá produtividade às empresas”, defendeu Clemente. Ele destacou que o crescimento da produtividade da indústria nos últimos 20 anos é de quase de 85% e que o Brasil tem um custo/hora/trabalho em dólar de 5,94%, um dos mais baixos do mundo.