Escracho em SP contra Parente mostra que categoria não aceita o desmonte da Petrobrás

O script estava todo montado para homenagear o “engenheiro do ano”, outorga concedida a Pedro Parente pelo Instituto de Engenharia (a escolha de Parente não foi unanimidade entre os associados do Instituto, como apurou o jornal Petroleir@s). Empresários de vários setores, engenheiros, políticos e um representante do governador Alckmin – tucano da mesma laia de Parente –, todos  apostos para aplaudir o convidado de honra.

O que o cerimonial não havia previsto, no entanto, é que os representantes dos trabalhadores – chamados de vagabundos pelos puxa sacos de PP – também queriam lugar na festa e entraram sem pedir licença ou serem convidados. 

Enquanto um grupo de dirigentes sindicais se mantinha na porta de entrada do evento (ocorrido no auditório da Federação do Comércio, em São Paulo), distribuindo para a população um boletim que explicava “as obras” do homenageado e seu conluio com empresas estrangeiras para privatizar a Petrobrás, dentro do auditório, estrategicamente, outros sindicalistas e trabalhadores da Petrobrás se posicionavam para mostrar que do lado do trabalhador ninguém está contente com a gestão de Parente. Assista aqui o vídeo

Repressão

Para evitar serem barradas pela segurança, as faixas foram devidamente camufladas e ficaram recolhidas durante a cerimônia, até o momento da fala do presidente da Petrobrás. “Em nenhum momento fomos desrespeitosos com o evento, porém, democraticamente, queríamos expressar nossa contrariedade com a indicação de Parente para o prêmio e, principalmente, como ele conduz a maior empresa do país, na contramão das prioridades nacionais”, declarou a diretora do Unificado, Cibele Vieira, uma das que entraram no auditório.

No momento em que Pedro Parente iria iniciar sua fala, os representantes dos trabalhadores levantaram duas faixas denunciando os conflitos de interesses do presidente da Petrobrás, que acumula a Presidência da Bolsa de Valores e mantém ligações com várias empresas que têm interesses contraditórios com a Petrobrás.

Se por parte do Sindicato, a manifestação foi democrática, o mesmo não se pode falar da reação de parte dos presentes. O primeiro momento foi de surpresa, acompanhado por um riso nervoso de Parente, em seguida puxaram palmas para se contrapor às palavras de ordem (até aí tudo normal), mas alguns raivosos partiram para cima dos manifestantes, ameaçando fisicamente, tentando arrancar as faixas e xingando os trabalhadores. “Essa é uma reação típica de uma certa classe que está acostumada a mandar em tudo e ver sempre os trabalhadores de cabeça baixa, esse pessoal tem medo da democracia”, afirmou o coordenador da Regional São Paulo, Verenissímo Barsante.

Após a manifestação, os dirigentes se retiraram do auditório, evitando confronto, mas dando firmemente seu recado.

Contradição

Precedendo ao discurso de Parente, o presidente do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia, valorizou a indústria nacional, ressaltou o papel da Petrobrás no desenvolvimento do país e chegou a cobrar, discretamente, Pedro Parente por suas opções.

A fala do presidente do Instituto soa como uma contradição ao prêmio, dado, justamente, a alguém que está desmontando a empresa pública em favor de multinacionais estrangeiras, que está causando enorme desemprego ao não seguir as regras de conteúdo nacional nas compras e contratações, levando à falência importantes setores da indústria nacional.

Se Pedro Parente merece algum prêmio é o de entreguista do ano e os petroleiros utilizaram todos os canais para defender os interesses da categoria e do Brasil. 

Fonte: Sindipetro Unificado de São Paulo