O presidente do Equador, Rafael Correa, venceu com muita folga as eleições deste domingo…
O presidente do Equador, Rafael Correa, venceu com muita folga as eleições deste domingo (26), segundo as primeiras pesquisas de boca-de-urna. De acordo com o Instituto Cedatos-Gallup, o mandatário ganhou a disputa ainda no primeiro turno, com 55,2% dos votos.
Desta forma, ele poderá governar o país por mais quatro anos e depois tentar um terceiro mandato. Segundo os números do levantamento, o segundo colocado foi o ex-presidente Lucio Gutiérrez, deposto em 2005, que reuniu 27,7% dos votos. O estudo da empresa SP Estudios e Investigaciones dá a Correa 54% dos votos válidos, enquanto que Gutiérrez aparece com 31%, seguido do empresário bananeiro multimilionário Álvaro Noboa, com 8%.
A lei eleitoral equatoriana diz que um candidato presidencial pode obter o cargo no primeiro turno caso obtenha a metade dos votos válidos mais um. Outra possibilidade de vitória antecipada é o primeiro colocado ter 40% do eleitorado a seu favor e uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Há uma grande expectativa neste domingo sobre se Correa e seu partido, o Aliança País, conseguirão a maioria das 124 cadeiras do novo Parlamento, com a qual Correa deve avançar na consolidação de seu projeto de "revolução cidadã". "Em nossas mãos está (a decisão de) voltar ao passado ou continuar com a mudança, com o futuro, continuar na busca de nosso destino", afirmou o presidente logo depois de votar em uma escola em Quito, capital do país.
Após tomar conhecimento dos resultados extraoficiais das pesquisas, Correa se abraçou com um grupo de seus correligionários e autoridades de seu governo. Na cidade portuária de Guayaquil, sua terra natal, Correa comemorou o triunfo, definindo-o como "um passo histórico para consolidar a revolução cidadã". Segundo o presidente virtualmente reeleito, “esta revolução está em marcha e nada, nem ninguém, pode detê-la. Fizemos história."
Ele agradeceu ao povo equatoriano, a seu vice-presidente, Lenín Moreno, e aos militantes de seu partido, o Aliança País. Além disso, prometeu renovar seu compromisso com a população, com especial atenção "aos mais pobres da pátria".
A vitória de Correa também foi constatada pela consultoria Santiago Pérez, que apontou uma vitória com 54% dos votos. O segundo posto ficou com Gutiérrez, que teve 31%, seguido do Noboa, com 8%. Os demais candidatos eram a parlamentar Martha Roldós, que reuniu 4% das preferências, Carlos Sagñay, Diego Delgado, Melba Jácome e Carlos González, todos com 3%.
Para que chegasse a uma vitória no primeiro turno, Correa precisava ultrapassar os 40% dos votos e abrir uma distância de pelo menos 10% em relação ao segundo colocado. O pleito ocorreu em clima de tranquilidade, apesar da troca de acusações e das denúncias de supostas fraudes feitas pelos candidatos.
O próprio presidente Correa disse ter visto nas ruas da capital Quito militantes políticos trajando roupas que faziam alusão ao partido Sociedade Patriótica, de Gutiérrez. Noboa disse ter estudos que indicavam que ele seria o primeiro colocado na votação e disputaria o segundo turno com Rafael Correa.
Os colégios eleitorais foram fechados às 17 horas locais (19 horas em Brasília). Os resultados oficiais devem ser divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) até a meia-noite. Também houve votação para a Assembleia Nacional (Congresso) e administrações regionais, para os cargos de governador, prefeito e vereador. Cerca de 500 observadores acompanharam o pleito.
Mídia e poder
A chega a de Correa ao poder marcou uma mudança no cenário eleitoral, caracterizado pela perda de espaço dos partidos tradicionais, o isolamento de grupos sociais antes influentes — como a Confederação de Nações Indígenas — e o poder nas mãos de novos atores sociais. Também marcou um abalo na relação da imprensa com o chefe de Estado, pois Correa criticou duramente — e de forma muito corajosa — alguns veículos ao acusá-los de serem vozes do esquema neoliberal com o qual se governou em favor da elite e em detrimento dos mais pobres.
O presidente enfrentou a influência da imprensa com as mesmas armas. Em seu programa semanal de rádio, transmitido para todo o país, informa sobre seus trabalhos e projetos, além de responder ou atacar seus adversários políticos. Os opositores criticam Correa por considerar que abuso da mídia para se promover — mas o governo se defende apontando que é uma "obrigação" do presidente informar sobre seus trabalhos ao povo.
Agora, a oposição se depara com um difícil obstáculo na figura de Correa, que não dá trégua em seus ataques contra o que chama de "partidocracia" e veículos de comunicação "corruptos". O governo equatoriano diz que respeita a opinião alheia e lembra que não fechou nenhum veículo de imprensa — nem ordenou a prisão dos que discordam com a administração.