Sindicatos que representam os professores federais em greve têm posições divergentes em relação à última proposta feita pelo governo federal, na noite de ontem (25), para tentar um acordo e encerrar a greve no setor, que já dura 70 dias. A proposta, segundo o Ministério do Planejamento, inclui reajustes que variam de 25% a 40% e a antecipação da vigência do plano de reestruturação de carreiras. A próxima reunião está marcada para quarta-feira (1º). Até lá, as entidades levarão as propostas às bases, para avaliação em assembleias.
Para o Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), a proposta não teve avanço em relação à anterior. A entidade, cuja direção está reunida neste momento para definir as orientações, levará a nova proposta às assembleias nos estados para retornar à proxima reunião com o governo já com um posicionamento fechado. “É a mesma essência da proposta anterior, ou seja, não reestrutura a carreira”, reclamou a presidenta do Andes, Marinalva Oliveira. Os representantes do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) também não concordaram com a nova oferta.
Para o Andes, o que o governo fez foi aumentar os recursos disponíveis, de R$ 3,9 bilhões para R$ 4,2 bilhões em três anos e, com isso, promoveu alguns ajustes na tabela, atendendo, principalmente, os docentes com mestrado, que teriam as perdas maiores na proposta anterior. Já a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) avaliou que a proposta do governo atendeu aos 15 itens solicitados pela entidade.
A proposta
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, afirmou, durante a reunião, que a proposta feita era definitiva e fez um apelo para que as entidades votassem a proposta em suas bases, para deliberarem se a aceitam ou não. Ele afirmou também que o governo considera que um acordo com alguma entidade é fundamental para um projeto de lei seja encaminhado ao congresso.
“Nenhum professor vai ter perda”, garantiu Mendonça. Segundo ele, a proposta apresentada garante a preservação do poder aquisitivo até 2015. O governo trabalha com um projeção de inflação de 20,8% até fevereiro de 2015. E a proposta apresentada ontem prevê reajuste médio de 25%.
Para chegar a essa tentativa de acordo, o governo eleva de R$ 3,92 bilhões para R$ 4,2 bilhões o impacto orçamentário da proposta original, apresentada há duas semanas.