Em Assembleia Geral realizada no dia 18 de junho, os petroquímicos aprovaram indicativo de greve na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR) e, agora, aguardam o retorno das atividades na unidade para decidir a data de início da paralisação.
O principal motivo para essa mobilização é a resistência ao processo de venda da estatal, que segundo informações extraoficiais da Petrobrás, já está em estágio avançado de negociação.
Seguindo o projeto entreguista do atual governo para várias refinarias em todo o país, a Fafen-PR está sendo praticamente dada de presente a empresários estrangeiros. As principais candidatas a levar a Fábrica à preço de banana são uma empresa russa — provável vencedora da operação — e uma indústria de fertilizantes norueguesa.
A desculpa utilizada pelo presidente Michel Temer para justificar o injustificável é, como sempre, a suposta redução da dívida pública, que seria alimentada por prejuízos imaginários causados por estatais.
A venda da Fafen-PR faz parte de uma política desastrosa do atual governo, que transformará o Brasil de grande produtor de fertilizantes nitrogenados a totalmente do mercado internacional para importação do produto. O país encolherá em uma área em que despontou como referência nos últimos anos — especialmente desde 2013, quando a presidente Dilma Rousseff promoveu a Fábrica a subsidiária do Sistema Petrobrás.
Na esteira de outros processos de privatização que já aconteceram em diversos setores no país, este também promete precarizar as condições laborais na unidade, acabar com postos de trabalho, instituir terceirização de mão-de-obra e reduzir salários.
Por isso, em defesa da soberania nacional e por condições dignas de trabalho para a categoria, os petroquímicos têm se organizado incansavelmente nos últimos meses em luta pela reversão do processo de venda. Em maio, uma paralisação de 72 horas já havia sido feita na unidade.
Conduta antissindical
Outra motivação importante para a deliberação da greve é a adoção de claras práticas antissindicais pela Petrobrás desde o golpe de 2016 — sobretudo desde a implantação da Reforma Trabalhista, no final de 2017.
Durante a greve da categoria realizada em maio, aconteceram situações graves, como a aplicação de advertências irregulares e inconsistentes para os trabalhadores. Também houveram ameaças de suspensão e demissão.
A organização sindical é um direito assegurado pela legislação brasileira e por convenções internacionais assinadas pelo Brasil. A tentativa pífia da estatal de enfraquecer o movimento legítimo da categoria não será tolerada.
Próximos passos
Para o diretor do Sindiquímica-PR, Sérgio Luiz Monteiro, é crucial reiterar que a greve está confirmada e estrategicamente programada para um futuro próximo. “Como a empresa ainda não retomou a produção, começar agora seria atuar no vazio. Estamos nos articulando para garantir que o impacto sociopolítico dessa paralisação seja sentido pelo governo”, explica.
“A partir da greve, divulgaremos um balanço detalhado do processo de privatização. Será uma forma de denunciar as consequências da operação e, também, de conscientizar toda a classe trabalhadora sobre a gravidade do que está acontecendo”, finaliza Monteiro.
[Via Sindiquímica-PR]