A Central Única dos Trabalhadores realizará de 8 a 10 de novembro (quinta-feira a sábado), no Hotel Transamérica, em São Paulo, o Encontro Nacional do Macrossetor Indústria. Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Paulo Cayres, a iniciativa cutista é “um golaço”, pois aposta na construção coletiva de uma pauta trabalhista que dialoga com o desenvolvimento do setor, estratégico para a economia nacional, bem como à luta por salários e direitos.
Qual a sua avaliação sobre o Encontro Nacional do Macrossetor Indústria da CUT?
CUT
Mais do que acertar, creio que a CUT fez um golaço ao convocar esse Encontro. Temos de debater que tipo de indústria nós queremos para o Brasil, se exportadora ou importadora. Se queremos uma indústria nacional, de qualidade, que agregue tecnologia, invista em engenharia de produção, que agregue valor, ou que apenas monte – o que é diferente de produzir – e privilegie lá fora, o exterior. O debate do Plano Brasil Maior é importante, mas precisamos ter uma perspectiva mais ampla, mais perene, que projete o país para o futuro. Este é o objetivo do nosso encontro que dialoga com a luta por mais salários e direitos.
Como se dará a construção das propostas do Macrossetor?
O fundamental é que a construção das propostas será feita de forma coletiva, sem prato feito, pegando as experiências de cada setor à luz de cada Ramo de atividade. E isso se dará à medida que articularmos isso tudo com a base, porque vai além de uma contribuição teórica, intelectual, havendo muita vivência por trás de cada contribuição. E para defender as propostas, fortalecer a nossa indústria, o produto nacional, ampliando os direitos da classe trabalhadora, vamos organizar ações para colocar o povo na rua. É isso o que faz a diferença e garante crescimento com distribuição de renda.
E o combate às desigualdades regionais?.
Se há crescimento econômico, é preciso melhorar a remuneração e a distribuição de renda. O que não dá para aceitar são as injustiças e as desigualdades, com salários enfraquecidos em função de estarem num ou noutro local. É inaceitável que tenhamos metalúrgicos recebendo em média seis mil reais no ABC Paulista e dois mil e quinhentos reais em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Defendemos salário igual para função igual. Precisamos de dignidade e não aceitamos ter companheiros sendo tratados como subtrabalhadores. A descentralização das empresas é importante para gerar empregos pelo país, mas não podemos permitir que isso crie uma subdivisão de empregos. Os trabalhadores de uma região não são inferiores aos de outras. É o fortalecimento da nossa unidade e mobilização que nos dará maior musculatura para a luta e que garantirá avanços.
Antes do Encontro do Macrossetor, a CNM realiza nesta terça e quarta-feira (6 e 7) a sua 1ª Conferência Nacional de Negociação Coletiva. Qual será a prioridade da Conferência?
Reuniremos os 80 presidentes dos Sindicatos de Metalúrgicos filiados à nossa Confederação para debater e corrigir as distorções salariais que ainda existem, um código de conduta para as empresas, focando sempre na melhoria das relações de trabalho, no investimento na saúde do trabalhador, para que tenhamos indústrias que não mutilem, não matem, não assediem. Durante o evento, vamos avaliar as convenções coletivas de trabalho em vigor, para que possamos articular as reivindicações comuns para todos os sindicatos e regiões. Também serão apresentadas as experiências de duas categorias que têm negociações nacionais, os bancários e os petroleiros. Ao final, será elaborado um documento conjunto, que será entregue ao ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e deflagrada a campanha nacional.