Encontro do Sindipetro MG debate organização de mulheres petroleiras

Leis de proteção às trabalhadoras, combate ao assédio sexual, fim das discriminações de gênero e empoderamento foram alguns dos temas abordados no evento promovido pelo Sindipetro/MG.

[Da imprensa do Sindipetro MG]

O Encontro de Mulheres Trabalhadoras da Petrobrás, realizado pelo Sindipetro/MG em 13 de abril, reuniu petroleiras do quadro próprio e contratadas da Refinaria Gabriel Passos (Regap) e da Usina Termelétrica de Ibirité (UTE-IBT), em Minas, para debater questões de gênero que afetam a vida e o trabalho das mulheres. Além de um espaço de formação, o Sindicato também proporcionou momentos de autocuidado e lazer para as participantes e suas crianças, além de uma descontraída confraternização.

A primeira palestra do Encontro foi com a advogada Isabella Frois, da Casa Tina Martins, instituição que acolhe mulheres em situação de violência doméstica. A advogada apresentou um levantamento sobre a evolução das leis de proteção à mulher e de direitos trabalhistas, lembrando que até a década de 70, as mulheres precisavam de autorização do marido até para trabalhar.  Ela chamou a atenção sobre as estatísticas de violência contra as mulheres. “Dados de 2022 mostram que uma mulher foi morta a cada seis horas e que a cada 1h25min, uma mulher foi vítima de assédio sexual. As mulheres também gastam o dobro de tempo nos afazeres domésticos, em relação aos homens”, destacou.

Sala de aleitamento

A dirigente do Sindipetro Unificado SP e da Federação Única dos Petroleiros (FUP, Cibele Vieira, do Coletivo de Mulheres da FUP, abordou as denúncias de casos de assédio sexual na Petrobrás e falou sobre as medidas de proteção disponível às mulheres.  Ela ressaltou a importância dos canais de denúncias existentes na Petrobrás, afirmando que os Sindicatos também devem ser procurados para acompanhar os casos. “Não podemos normalizar o assédio sexual ou o moral. Algumas mulheres têm medo de denunciar e se prejudicar, mas só de denunciar, mesmo que de forma anônima, é possível receber um acolhimento assim como ajudar a mapear os setores na empresa em que os casos estão acontecendo”, explicou.

Cibele também lembrou que a sala de aleitamento nas unidades é uma conquista do Acordo Coletivo de Trabalho para todas as mulheres, petroleiras ou contratadas. As participantes informaram que a recém-inaugurada sala da Regap ainda é distante do local de trabalho de algumas empregadas lactantes e elas acabam usando o banheiro.

Conversa com os homens

“Por que somos poucas na indústria?” Essa foi a indagação levantada pela palestrante Vanessa Serbate, petroleira da Regap.  Ela fez um compilado de dados e questões que envolvem o universo feminino, desde a educação sexista das crianças, e abriu o debate sobre os estereótipos de gênero e suas consequências. Ela ressaltou que as “piadinhas” no trabalho nada têm de inofensivas e normalizam os preconceitos. “A conscientização é o primeiro passo para o enfrentamento dos preconceitos inconscientes”, afirmou. No debate, foi lembrada a importância de se levar essa conversa para os homens.

O Encontro também teve a participação da ativista Sôniamara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que ao abrir a roda de conversa sobre sororidade e empoderamento feminino, fez uma fala, contextualizando com dados, sobre a desigualdade econômica e social no mundo capitalista. “Nas disputas globais, nas guerras e crises, as mulheres são as que mais sofrem as consequências”, disse.

Sistema opressor

Segundo ela, há um sistema opressor que esmaga as mulheres em todo o mundo. “Além dos problemas nos nossos postos de trabalho, estão acontecendo conflitos no mundo muito graves, como o genocídio do povo palestino. Se não olharmos para isso também, mais cedo ou mais tarde, estaremos sofrendo as consequências”, alertou.

“Achei interessante encontrar com trabalhadoras de várias áreas, inclusive contratadas que exercem funções que até pouco tempo eram tipicamente masculinas. Foi muito interessante e achei ótima a iniciativa do Sindicato de promover este encontro, pois reforça a necessidade de nós mulheres nos organizarmos e caminharmos juntas”, opinou a petroleira da Regap, Talita de Alvarenga sobre o encontro.