A Embraer anunciou nesta quinta-feira (19) a demissão de 4.200 trabalhadores, um quinto dos seus efetivos…
A Embraer anunciou nesta quinta-feira (19) a demissão de 4.200 trabalhadores, um quinto dos seus efetivos, "como decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global,". A demissão em massa, a maior ocorrida no Brasil desde a eclosão da crise capitalista, atinge duramente São José dos Campos (SP), onde fica a sede e a principal unidade da empresa.
"Como decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global, em particular o setor de transporte aéreo, tornou-se inevitável efetivar uma revisão de sua base de custos e de seu efetivo de pessoal, adequando-os à nova realidade de demanda por aeronaves comerciais e executivas", diz o comunicado da empresa.
Dependência das exportações
O comunicado alega que "apesar de sediada no Brasil, a empresa depende fundamentalmente do mercado externo e do desempenho da economia global – mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações, pouco se beneficiando, portanto, da resiliência [capacidade de recuperação] que o mercado doméstico brasileiro vem demonstrando".
A Embraer anunciou também a revisão para baixo da meta de produção para 2009, de 270 aeronaves para 242 (no ano passado a produção foi de 169 jatos, um recorde histórico da empresa). O valor da meta fou rebaixado de US$ 6,6 bilhões para US$ 5,5 bilhões.. A previsão de investimentos também será cortada, de US$ 450 milhões para US$ 350 milhões neste ano.
Gigante privatizado
Fundada em 1969, como estatal, e privatizada em 1995, a Embraer empregava até o facão desta quinta-feira um total de 21.362 trabalhadores. Possui uma parceria na China e uma participação no processo de privatização da indústria aeronáutica de Portugal, possuindo uma unidade em Évora.
A empresa é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, atrás da americana Boeing e do consórcio europeu Airbus. É a líder em aviões regionais, em acirrada competição com a canadense Bombardier. No total a Embraer Embraer já fabricou e vendeu mais de 4.900 aviões que operam em 78 países. Disputa também os primeiros lugares entre os maiores exportadores brasileiros, tenfdo ficado em terceiro lugar em 2008.
Sindicato promete "forte ofensiva"
O grosso dos trabalhadores da Embraer – mauis de 15 mil – se concentra na unidade de São José dos Campos. A cidade industrial na parte paulista do Vale do Paraíba já tinha sido duramente atingida em janeiro, com o anúncio de que outra grande indústria, a General Motors, faria 802 demissões em sua unidade local. Nesta semana voltaram a circular versões de que mais 400 metalúrgicos seriam vítimas de novo facão na GM, cuja sede nos Estados Unidos está à beira da falência.
Os trabalhadores das duas empresas são ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Filiad à Conlutas e presidida por Adilson dos Santos, a entidade enfrenta durante esta crise uma prova de fogo para sua linha de ação que procura se diferenciar pela esquerda. "O Sindicato vai iniciar uma forte ofensiva contra as demissões", anuncia a nota.
Em nota publicada em seu site (http://www.sindmetalsjc.org.br), o Sindicato apresenta como alternativas "a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e de direitos, já que a Embraer tem a maior jornada entre as empresas aeronáuticas em todo o mundo (43h semanais), bem como estabilidade no emprego e reestatização da empresa".
A mesma nota afirma que "a Embraer não comunicou oficialmente o Sindicato dos Metalúrgicos sobre o número de demissões, apesar dos insistentes pedidos da entidade nos últimos meses". Diz também que o Sindicato pediu audiências com o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury e o governador José Serra, ambos tucanos, assim como com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petista. A nota lembra que "a Embraer é uma das principais beneficiadas por dinheiro público no país através do BNDES", tendo recebido deste banco estatal financiamentos no valor de US$ 7 bilhões desde a sua privatização.
Da redação, com agências