CUT-BA
A Central Única dos Trabalhadores realizará um protesto nas proximidades do Complexo Hoteleiro da Costa do Sauípe, em Mata de São João (BA), na manhã de sexta-feira (6), na ocasião do sorteio dos grupos de times para a Copa Mundial de Futebol. O protesto visa denunciar a violação de direitos de trabalhadores na preparação para a Copa no Brasil (2014), na Rússia (2018) e, principalmente, no Qatar (2022) onde os desrespeitos são ainda mais graves.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, critica a postura da FIFA e salienta que não basta apenas promover espetáculo, é preciso que as pessoas sejam respeitadas. “A FIFA é uma das mais famosas organizações do mundo e deveria utilizar também essa expressividade na defesa dos trabalhadores que participam das atividades esportivas promovidas por ela. Esse é um comportamento desrespeitoso em relação ao mundo do trabalho. Essa entidade ignora as nossas reivindicações ao promover um campeonato mundial num país chamado Qatar, que pratica trabalho escravo. A CSI (Confederação Sindical Internacional) já intercedeu junto à FIFA para reivindicar a prática do trabalho decente e ela ignorou”, reclama.
O presidente da CUT-BA, Cedro Silva, reforça a crítica e reclama das condições desumanas enfrentadas pelos trabalhadores no Qatar. Ele diz que tem esperança de que seja anulada a celebração a Copa do Mundo no país em 2022. “Nós, trabalhadores, queremos que sejam tomadas no Qatar medidas amplas e imediatas no que diz respeito aos direitos fundamentais dos trabalhadores e o fim da exploração”, diz.
Para construção da infraestrutura da Copa de 2022, o Qatar implantou um programa de U$100 milhões que implica na contratação de trabalhadores migrantes, sobretudo do sul asiático. Essa mão de obra está excluída dos direitos trabalhistas do Qatar, sem base legal de proteção e sujeita aos altos índices de mortes por acidentes de trabalho do país, além das péssimas condições de vida a que são submetidos os trabalhadores que migram para o Qatar.
Informações oficiais do governo do Nepal dão conta de que os trabalhadores desse país que migraram para o Qatar estão trabalhando em condições análogas às de escravos. Dos 350 mil nepaleses que trabalham no Qatar, 200 perdem a vida a cada ano, em consequência de acidentes de trabalho ou outros males advindos da péssima condição de vida existente. É alto também o índice de suicídio e os acidentes de veículo. O aumento de mão de obra migrante pode aumentar o número de morte para 600 por ano.