Em dia de assembleias nacionais de petroleiros, Avenida Paulista recebe movimentos em defesa da Petrobrás

 

Após cruzarem os braços por 20 dias e arrancarem o compromisso de negociar com a Petrobrás o cancelamento da venda da Fábrica de Fertilizantes do Paraná (Fafen) e a demissão de mil trabalhadores, petroleiros de todo o país seguem em assembleias definindo pela suspensão provisória do movimento.

Ao menos até esta sexta-feira (21), quando a Comissão Permanente de negociação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sentará para dialogar no Tribunal Superior de Trabalho (TST) com representantes do Ministério Púbico.

Renira sente na pele e no bolso os efeitos da política da Petrobrás voltada ao mercado externo

Em São Paulo, na Avenida Paulista, a greve dá mostras de que foi capaz de unir movimentos de diversas trincheiras em defesa da democracia, do emprego e do patrimônio nacional, em um ato organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

Aos 77 anos, Davina da Silva, vestida com um colete laranja da Petrobrás e um botom no peito com a imagem de Carlos Marighella, aponta que espera dos novos petroleiros o mesmo amor de quem já lutou pela classe trabalhadora em plena ditadura militar.

“Eu trabalhei no Edise (Edifício Sede da Petrobrás) e em São Paulo na área administrativa, uma área difícil que não faz greve, na época da ditadura, quando o sindicato ainda estava se reestruturando. E acredito que essa greve foi a maior até que a de 1995, aquela em que senti que a resistência do pessoal e a adesão foi maior, que havia maior comprometimento com a luta.Espero que essa nova geração se espelhe nos petroleiros antigos, que têm amor pela Petrobrás e que tenham a visão de que esse e um bem inegociável”, afirma.

Também uma lutadora com muitas histórias para contar, Renira do Nascimento, 54, pele negra e cabelos brancos, saiu da ocupação Nova Vitória, em Guarulhos, onde luta por moradia ao lado do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para ela, o apoio à greve é importante porque não se trata de uma reivindicação restrita à categoria.

Davina aponta que defender a Petrobrás é defender o Brasil

a“A luta é pelo nosso país, se a gente não brigar por ele, vamos perder tudo, olha quanta coisa que estamos perdendo e não vemos. Na época do Lula, comprávamos uma TV fininha, hoje em dia, a gente não sabe se compra arroz e feijão ou gás. O Bolsonaro não está olhando para nós”, criticou.

Batalha pedagógica

A avaliação do diretor de base do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP) Tiago Franco é que a greve foi vitoriosa ao mostrar, ao mesmo tempo, que há caminhos para lutar contra quer destruir os direitos trabalhistas, ao mesmo tempo em que deixou claro a tragédia que pode ser a retomada de um processo de privatização em massa.

“Por um lado, com o acampamento no Edise e as paralisações em todo o país, demos um exemplo pedagógico de como se deve lutar. E, por outro, ao colocarmos na pauta a discussão sobre a elevação do preço dos combustíveis e do gás, atrelados a nova política de reajustes adotada pela empresa a partir do golpe contra a presidenta Dilma, mostramos como é ruim a gestão da Petrobrás estar prioritariamente voltada a interesses de mercado”, analisou.

Privatização que, conforme ressalta Liciane Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragens, não leve em conta, nem de longe, os interesses da maior parte dos brasileiros.

“A Petrobrás produz e refina a maior parte do petróleo no Brasil, gera muita riqueza e estão querendo colocar essa riqueza nas mãos estrangeiras. Além de levar o que é nosso para outros países, a privatização ainda prioriza o lucro em prejuízo das vidas e do respeito ao meio ambiente”, falou.

[Via Sindipetro Unificado SP | Por Guilherme Weimann e Luiz Carvalho –Fotos de Guilherme Weiman]