Cerca de 500 petroleiros e militantes de movimentos sociais participaram nesta quarta-feira, 10, de mais uma mobilização convocada pela FUP e seus sindicatos…
Imprensa da FUP
Cerca de 500 petroleiros e militantes de movimentos sociais participaram nesta quarta-feira, 10, de mais uma mobilização convocada pela FUP e seus sindicatos para pressionar o governo e a direção da Petrobrás a atender as principais reivindicações da categoria não só em relação à PLR, mas também no que diz respeito às condições de trabalho e segurança. O ato nacional começou por volta das 10 horas, em frente ao Edifício Cidade Nova, sede da Universidade Corporativa da Petrobrás, onde jovens petroleiros de várias partes do país passam por cursos de formação e qualificação antes de ingressarem em suas unidades de trabalho.
Caravanas da Bahia, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo, Norte Fluminense e Duque de Caxias, além de militantes de vários outros estados, entre eles Rio Grande do Sul, Minas Gerais, oposição de São José dos Campos e oposição do Rio de Janeiro. Jovens petroleiros somaram-se aos aposentados e aos militantes mais experientes, denunciando as mortes e acidentes que vitimam os trabalhadores, em função de uma gestão que privilegia o lucro acima da vida para alimentar os surbônus das gerências. Os petroleiros denunciaram também o sucateamento da AMS e cobraram que a Petrobrás solucione os problemas de gestão do benefício.
O ato se estendeu até às 13 horas, com intervenções de vários militantes e dirigentes sindicais, entre eles o dirigente da CUT Paraná, Roni Anderson, que lembrou que a Central realiza nesta quarta-feira, uma mobilização em Brasília, em defesa da agenda dos trabalhadores e contra o projeto de lei do deputado e empresário Sandro Mabel (PR/GO), que precariza ainda mais as condições de trabalho dos terceirizados. O representante da CTB/BA, Henrique Crispin, também ressaltou a necessidade de intervenção constante dos trabalhadores em defesa de seus direitos e contra as práticas neoliberais na gestão da Petrobrás.
O coordenador geral da FUP, João Antônio de Moraes, convocou os jovens petroleiros que estão ingressando na empresa a somarem-se às lutas da categoria e a fortalecerem a organização dos trabalhadores. “É com organização e luta que estamos conquistando a cada acordo de PLR uma distribuição mais democrática do lucro construído pelos trabalhadores. Mas os gerentes não admitem que jovens recém chegados na empresa recebam uma PLR mais igualitária. Mais de 90% dos atuais gerentes da Petrobrás são os mesmos que tiveram seus salários multiplicados no passado, quando tentaram rifar a empresa para as multinacionais e que continuam assediando os trabalhadores, tentando reduzir nossos direitos e se utilizando de práticas antissindicais para garantirem seus privilégios”, afirmou Moraes.
O ato nacional realizado nesta quarta-feira no Rio de Janeiro faz parte do calendário de lutas definido pelo Conselheiro Deliberativo da FUP semana passada, em Manaus. Ao longo desta semana, os sindicatos também estão realizando atrasos e outras manifestações em várias bases do país, referendando a deliberação das assembléias de que com surbônus, não tem acordo. Além disso, a FUP está buscando uma reunião com interlocutores da presidenta Dilma Rousseff para cobrar um posicionamento do governo em relação às reivindicações dos trabalhadores.
Insegurança mata trabalhadores na Bahia e na Argentina
Durante o ato que cobrava, entre outras reivindicações, uma política de SMS que garanta a vida e a saúde do trabalhador, os petroleiros realizaram um minuto de silêncio ao serem informados de mais um acidente fatal no Sistema Petrobrás. José Marcos de Matos Reis, 41 anos, perdeu a vida na manhã desta quarta-feira, 10, vítima de um acidente de trabalho na Sonda 73, operada pela Sotep, no campo de produção terrestre de Taquipe, na Bahia. Ele era ajudante da Transep, prestadora de serviços da Sotep, que por sua vez, presta serviços para a Petrobrás. Ou seja, uma relação de quarteirização, que precariza ainda mais as condições de trabalho que expõem diariamente os trabalhadores a riscos, principalmente os terceirizados. José Marcos foi esmagado, quando realizava uma operação de movimentação de um dos tanques da sonda. Este foi o segundo acidente fatal em um período de um ano com trabalhador da Transep, a serviço da Sotep na Bahia.
Já são 294 mortes nos últimos 15 anos em acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, dos quais 237 foram com trabalhadores terceirizados. No sábado, 06, Leonardo César Caldas, 26 anos, morreu em um acidente de trabalho na empresa norte-americana Cameron, fornecedora da Petrobrás, em Macaé, na Bacia de Campos. Na madrugada desta quarta-feira, 10, uma explosão na refinaria da Petrobrás em Bahia Blanca, na Argentina, matou um trabalhador e feriu outro. Enquanto os petroleiros morrem e são mutilados em conseqüências de uma gestão de SMS autoritária, as gerências seguem pressionando pela volta do surbônus, que, na prática, é uma premiação para aqueles que não medem conseqüências para garantir as metas de lucro e produção, mesmo que para isso coloquem em risco a vida e a saúde dos trabalhadores.