Na manhã desta sexta-feira, 13, diretores do SINDIPETRO-RN estiveram reunidos com a governadora do Estado, Fátima Bezerra, para debater a necessidade de uma campanha conjunta pela permanência da Petrobrás no RN.
Em decorrência das decisões postas na Carta de Natal, produzida em reunião do Consórcio de Governadores do Nordeste realizada no mês de setembro, o encontro de hoje foi marcado com representações sindicais e do Governo do Estado, além de representantes da Potigás e dois pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – INEEP, que apresentaram às autoridades, na ocasião, os impactos previstos diante da confirmação da cessação de atividades da Companhia no Estado.
Risco real
Em sua apresentação, o diretor-técnico do INEEP, William Nozaki mostrou de forma simplificada os principais impactos e riscos que o Estado enfrentará no caso da saída de uma empresa do porte da Petrobrás do RN em suas principais dimensões, levantando pontos como: o esvaziamento econômico, o emprego e o prejuízo fiscal inerentes a esta decisão do Governo Federal.
Segundo Nozaki, a retração de investimentos da Companhia no Rio Grande do Norte, vem caindo drasticamente, e chega a zero a partir de 2018. “O Plano de Negócios 2011/2014 da Petrobrás previa cerca de 63 bilhões de investimentos para a Região Nordeste, com uma parcela de 4 bilhões destinada ao RN. Já no PN de 2015/2018 caiu para 8 bilhões o valor para o NE com num número bastante reduzido de estados atendidos, inclusive deixando o RN de fora do aporte de investimentos, sem valor algum previsto para essa região”, apontou o pesquisador.
Sobre a construção de uma empresa concentrada no eixo rio-são Paulo, o diretor disse: “essa perspectiva da atual gestão da empresa, desmonta toda a rede de integração dos ativos da Petrobrás na região Nordeste. Se a gente olhar o pacote das vendas sinalizadas ou já realizadas, a gente percebe um profundo esvaziamento com impactos sobre estruturas e investimentos, e também a integração regional dos ativos”, destacou William.
O pesquisador do INEEP, ainda falou sobre a possível substituição da Estatal por empresas privadas de outros países na exploração de petróleo aqui do RN. “Quando as petrolíferas estrangeiras assumem esses ativos, além de não possuírem a mesma tecnologia para revitalização dos campos deixados pela Petrobrás, e nunca respondem com o mesmo percentual de investimento, nem a mesma capacidade de exploração e produção que ela”, acrescentou ele.
Desinvestimento
Não é de hoje que o SINDIPETRO-RN vem alertando a sociedade potiguar sobre os desdobramentos drásticos da redução de investimentos da Petrobrás no Rio Grande do Norte. Sendo que, atualmente, é uma realidade a ameaça de que a Petrobrás pode encerrar por completo suas atividades em no RN, com graves consequências políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais.
A Bacia Potiguar, como é chamada a região de produção de petróleo no Rio Grande do Norte, vem sofrendo com um grande processo de desinvestimentos financeiros e venda de concessões, por parte do Governo Federal. Atualmente, a área abrange 84 campos de produção de gás e petróleo, sendo a maior em quantidade no país, porém, uma das menores em produção.
A partir da nova política, os números de exploração de petróleo no Rio Grande do Norte sofreram uma redução exponencial: passaram de 60 mil barris por dia, em 2015, para 38 mil, em três anos, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
“Quando estávamos na casa dos 120 mil barris de petróleo/dia, nós chegamos a investir, anualmente, no RN, aproximadamente, R$ 1,9 bi. Hoje, nós temos divulgado pela Petrobrás, nos últimos anos, entre investimento, manutenção e integridade das instalações, algo em torno de R$ 200 mi. É um oitavo do que a gente investia quando produzíamos duas vezes mais do que produzimos hoje. É uma realidade da atividade de petróleo, produção está ligada a investimento”, explica o coordenador-geral, Ivis Corsino.
No Rio Grande do Norte, a Petrobrás já foi responsável por 51% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. Atualmente a Petrobrás mantém relação com 16 municípios produtores de petróleo, além das 97 cidades que recebem royalties mensais via Servidão de Passagem, no caso de algum duto da companhia passe pela cidade.
Sua saída do Estado representa uma ameaça, aos 8.400 empregos diretos que a empresa administra, sendo 1.740 próprios e 6.700 terceirizados. Além de 30 mil indiretos estimados, no ramo de hotéis, restaurantes, empresas de transporte e vários outros seguimentos estão sentindo com a falta de investimentos, e muitos já fecharam.
Últimas vendas
A Petrobrás finalizou na última segunda-feira, 9, a venda de 34 campos terrestres da Bacia Potiguar. Os campos fazem parte da área de exploração de Riacho da Forquilla, localizada no Oeste do Rio Grande do Norte, e foram arrematados em leilão pelo valor de R$ 1,5 bilhão.
Os 34 campos terrestres fazem parte da Bacia Potiguar e produziram, em 2019, em média 5,8 mil barris de óleo equivalente por dia. Segundo a própria estatal, a operação de venda dessas áreas produtoras de petróleo foi concluída com o pagamento de US$ 266 milhões pela empresa Potiguar E&P S.A, subsidiária da Petrorecôncavo S.A, após o cumprimento de todas as condições precedentes e ajustes previstos no contrato.
A companhia já havia recebido US$ 28,8 milhões a título de depósito na data de assinatura, em 25 de abril de 2019. Além disso, haverá o pagamento de US$ 61,5 milhões condicionado à obtenção da extensão do prazo de concessão de 10 das 34 concessões. O total, de acordo com cálculos internos divulgados, seria de R$ 1,5 bilhão na venda desses campos.
Anúncio de transferências
Este ano o conselho de administração da Petrobrás aprovou um novo plano estratégico para o período de 2020 a 2024 com foco de atividades no Sudeste. Como consequência, têm-se o iminente encerramento das atividades da estatal aqui no RN e em outros estados do Nordeste.
Nos últimos meses, alguns empregados da Companhia lotados na sede administrativa em Natal, foram informados que serão transferidos para os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.
Sem opções de permanência, os empregados que não queiram ser transferidos deverão aderir ao plano de desligamento voluntário (PDV) ou ao mesmo ao programa de demissão acordada (PDA). A estatal já anunciou, nacionalmente, uma nova etapa do PDV, agora voltada para funcionários que trabalham no segmento corporativo da empresa que atenderia os empregados do Rio Grande do Norte.
No intuito de impedir as transferências intransigentes de trabalhadores para outros estados e a saída definitiva da Petrobrás do Rio Grande do Norte, o SINDIPETRO-RN apresentou uma denúncia, no dia 28 de outubro, ao Ministério Público do Trabalho – MPT-RN e espera que este dê entrada na justiça do trabalho, a exemplo do que sucedeu na Bahia.
Campanha do Sindicato
O mais importante no momento é estabelecer um diálogo entre os mais diversos segmentos da sociedade e desenvolver uma corrente atuante para formular ações que garantam a presença da Petrobrás no RN.
Pensando nisso, o Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do RN, lançou uma campanha que visa sensibilizar e conseguir apoio da sociedade.
Com slogan “Pelo Povo Potiguar, a Petrobrás fica no RN!”, essa luta pretende aglutinar forças de maneira a se opor a saída desta importante Companhia em detrimento da economia local e da cadeia produtiva industrial do Rio Grande do Norte.
Mais de quarenta entidades já aderiram à campanha, e o Sindicato está buscando o diálogo com diversas outras para fazer voz nacionalmente a luta dos trabalhadores norte-rio-grandenses.Na manhã desta sexta-feira, 13, diretores do SINDIPETRO-RN estiveram reunidos com a governadora do Estado, Fátima Bezerra, para debater a necessidade de uma campanha conjunta pela permanência da Petrobrás no RN.
Em decorrência das decisões postas na Carta de Natal, produzida em reunião do Consórcio de Goovernadores do Nordeste em setembro, o encontro de hoje foi marcado com representações sindicais e do Governo do Estado, além de representantes da Potigás e dois pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – INEEP, que apresentaram às autoridades, na ocasião, os impactos previstos diante da confirmação da cessação de atividades da Companhia no Estado.
[Via Sindipetro-RN]