Em carta enviada nesta quinta-feira, 07, aos trabalhadores do Sistema Petrobrás, a FUP volta a questionar o presidente interino da empresa, Pedro Parente, que, na segunda-feira, 05, enviou nova mensagem aos petroleiros, tentando se passar por bem intencionado e no mesmo dia anunciou a venda de campos de petróleo no Ceará e em Sergipe. Leia a íntegra do documento:
Carta aos Petroleiros e Petroleiras
O cinismo de Pedro Parente não tem limites. Em mais uma carta aos trabalhadores, ele tenta novamente buscar apoio e colaboração ao seu projeto de desmonte da Petrobrás. A tática é dividir para governar, como bem ensinou Maquiavel.
Na segunda-feira, 05, em visitas ao Ceará e a Sergipe, ele anunciou que estaria aberto a conversas francas com os trabalhadores, mas nada revelou sobre o anúncio que a Petrobrás faria no mesmo dia, quando colocou à venda nove campos de produção marítima nesses estados.
Enquanto o presidente interino fazia seu marketing para uma parcela seleta de petroleiros, a empresa anunciava medidas que irão desestruturar a vida de centenas de famílias de trabalhadores que perderão seus empregos.
Pedro Parente mente
Conforme denunciamos, a criação da Diretoria de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, aprovada pelo Conselho de Administração no dia 29 de junho, foi encomendada especialmente para abrigar Nélson Silva, que, como admite Pedro Parente, será “peça central no processo de mudança”, diga-se desmonte da Petrobrás.
Em nota divulgada à imprensa no dia 01 de julho, a empresa assumiu que o apadrinhado do presidente interino é que ocupará a nova diretoria, comprovando que ele mentiu ao afirmar que não haveria indicações políticas na Petrobrás.
Na carta aos trabalhadores, Pedro Parente acusa o golpe e tenta mais uma vez se explicar para a categoria. Alega que não é político e que nunca teve atuação partidária, quando é de conhecimento público o papel estratégico que ele teve nos governos do PSDB e as relações estreitas com os caciques tucanos.
Sua missão na Petrobrás é política
É por essas credenciais que ele foi colocado por um governo ilegítimo na presidência da Petrobrás, exatamente no momento em que a proposta de José Serra (PSDB) para tirar a empresa da operação do Pré-Sal está a um passo de ser aprovada no Congresso Nacional.
Não foi a troco de nada que Pedro Parente já chegou avisando que é a favor do projeto e escolheu a dedo Nélson Silva para executar a toque de caixa a privatização da companhia, como fez na Vale e na Comgás. Também não é coincidência o fato de Pedro Parente acumular a Presidência do Conselho de Administração da BM&F Bovespa.
Pedro Parente é uma indicação política!
Nélson Silva é uma indicação política!
Moralização é desculpa para privatizar a Petrobrás
Para tentar “ganhar” a credibilidade de parte dos empregados, ele continua utilizando a corrupção como pretexto para esquartejar a Petrobrás, privatizar a gestão da empresa, cortar direitos e transformar em pó as principais conquistas da categoria. Chama isso de “redefinir nossa visão de futuro”.
Sabemos que as principais dificuldades que a Petrobrás enfrenta são consequência da crise internacional do setor e que a corrupção é uma prática do mundo corporativo, que precisa ser banida da nossa companhia, mas que não se limita às empresas estatais, como Pedro Parente tenta fazer crer. Está aí o exemplo recente da Volkswagen, envolvida em um gigante esquema de fraudes nos testes de emissão de gases poluentes, que custou à empresa US$ 15 bilhões em multas. A Vale, responsável pelo maior crime ambiental do país, foi também indiciada pela Polícia Federal por adulterar os dados sobre o volume de lama que jogava na barragem que rompeu.
Os trabalhadores nunca foram e jamais serão coniventes com corrupção. Não permitiremos que Pedro Parente e seus asseclas utilizem a falsa bandeira de moralização da Petrobrás para fazerem o que não conseguiram no governo Fernando Henrique: privatizar a empresa e ainda de bônus entregarem o Pré-Sal às multinacionais.
Rio de Janeiro, 07 de julho de 2016
Federação Única dos Petroleiros