Ao abrir mão do setor de fertilizantes, Parente coloca Brasil na contramão do mundo

A saída da Petrobrás do segmento de fertilizantes, além de comprometer a soberania alimentar, já que o Brasil importa mais de 75% dos insumos nitrogenados, coloca o país na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados estão em expansão. Os especialistas vêm alertando que a demanda global de fertilizantes deve elevar em até 15% os preços do produto.

“As cotações devem ser impulsionadas, nos próximos dois meses, pela procura da China, Estados Unidos e Índia”, divulgou recentemente o Canal Rural. “Em relação aos nitrogenados, os preços na China seguem acima dos valores do mercado internacional”, ressaltou a reportagem (leia aqui a íntegra).  

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do país e fundamental para o desenvolvimento nacional. O setor depende dos fertilizantes e prooduzi-los no Brasil é questão de soberania, pois diminui a dependência da importação, além de gerar empregos e riquezas no país. A saída da Petrobrás do segmento de fertilizantes, portanto, impacta diretamente a cadeia produtiva do setor agrícola, tornando o Brasil cada vez mais dependente dos preços internacionais.

Ao longo dos anos 2000, os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir essa dependência externa, através da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobrás no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas e agora está sendo entregue por Parente. Estudos da época apontavam que se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%.

O golpe tirou do Brasil a chance de ser autossuficiente na produção desses insumos e compromete a perspectiva do país tornar-se o maior produtor mundial de alimentos. O compromisso dos golpistas é com o mercado internacional e não com a soberania nacional.

A decisão de Pedro Parente de colocar em hibernação as duas fábricas de fertilizantes nitrogenados da Petrobrás na Bahia e em Sergipe acontece no rastro da privatização das unidades de Araucária e do Mato Grosso do Sul, cuja conclusão deve ocorrer nos próximos dias, com a entrega das propostas feitas pelas multinacionais Yara (norueguesa) e ACRON (russa), que estão prestes a levar as duas plantas a preço de banana. 

Mais um capítulo do golpe, cujo roteiro tem como enredo central a desintegração do Sistema Petrobrás e a desnacionalização dos ativos da empresa.

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[FUP]