Elfe atrasa pagamento e demite trabalhadores em termelétrica da Petrobras em Ibirité (MG)

Foto: Divulgação/Elfe

Sindipetro MG denuncia que desrespeito da empresa com os seus funcionários tem se tornado prática comum. Além de atrasar os salários, Elfe está demitindo trabalhadores que reivindicam os seus direitos

[Da imprensa do Sindipetro MG]

A empresa ELFE, prestadora de serviços para a Usina Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité), atrasou o pagamento de salários e demais verbas trabalhistas de seus funcionários. O desrespeito da empresa com os seus funcionários tem se tornado prática comum que, além dos salários atrasados, estão sendo demitidos por reivindicarem os seus direitos.

A denúncia recebida pelo Sindipetro/MG nesta semana dá conta de que, além dos recorrentes atrasos de salários e verbas trabalhistas, a ELFE tem se negado a pagar o reajuste anual garantido na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que é de 10,16%. Ainda nesta semana, dois trabalhadores da empresa foram demitidos sem qualquer justificativa.

Essa é a terceira demissão nos últimos meses envolvendo funcionários que já trabalhavam na UTE-Ibirité antes mesmo da chegada da ELFE. As demissões sem qualquer justificativa iniciaram no período em que se intensificaram os problemas em relação a pagamentos da empresa. Para o Sindipetro/MG, a denúncia evidencia o desprezo da ELFE com os trabalhadores e expõe a precarização do trabalho dentro da Petrobrás, causada pela terceirização irrestrita e pelo rebaixamento dos valores dos contratos.

“É um absurdo o que a ELFE tem feito com seus trabalhadores, descumprindo com o básico: pagar em dia o que foi acordado. Mas mais absurdo ainda é a Petrobrás seguir mantendo um contrato com uma empresa que maltrata e desrespeita sua força de trabalho dentro de uma de suas unidades”, disse o diretor do Sindipetro/MG e petroleiro da UTE-Ibirité, Felipe Pinheiro.

Insatisfação dos trabalhadores

A ELFE assinou contrato com a UTE-Ibirité no início de 2021 para prestar serviços de jardinagem, limpeza e manutenção predial. Desde então, vem desrespeitando a legislação trabalhista e descumprindo os acordos firmados com os seus funcionários. A lista de irregularidades da empresa é grande e, a cada mês que se passa, acumula mais problemas. Em dezembro de 2021 o Sindipetro/MG recebeu denúncia de que a prestadora de serviço estava atrasando os pagamentos de vale alimentação, do vale transporte, da gratificação de férias e do depósito do FGTS.

No mês passado, após a equipe cruzar os braços e se recusar a trabalhar sem receber salários e os reajustes devidos, a ELFE tentou negociar individualmente com os trabalhadores, sem qualquer diálogo com o sindicato da categoria, e prometeu pagar o aumento da categoria. No entanto, até o momento, a CCT da categoria segue sendo descumprida. Além das questões financeiras, existem também denúncias específicas sobre o atual supervisor da ELFE na Usina, acusado de maltratar e assediar trabalhadores da empresa, inclusive com atitudes machistas.

“Se a Petrobrás não der um basta a essa situação, não teremos outra alternativa que não seja a mobilização da nossa categoria para cobrar respeito aos nossos companheiros terceirizados” afirmou Felipe Pinheiro.

Terceirização na Petrobrás gera precarização

A ampliação da terceirização e o rebaixamento dos contratos na Petrobrás causa bastante temor entre os trabalhadores e impõe condições de trabalho mais precárias dentro das unidades da empresa. De acordo com pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2021, as inúmeras contratações de prestação de serviço na Petrobrás remetem a uma lógica de precarização do trabalho, que são visualizadas em menores salários, maiores jornadas de trabalho, descumprimento dos direitos, maior instabilidade e maiores ocorrências de acidentes de trabalho.

“A terceirização, do ponto de vista capitalista, busca otimizar lucros e reduzir custos por meio das contratações de mão de obra terceirizada, pela via das altas jornadas de trabalho, baixos salários, pouco ou nenhum benefício, nenhum investimento nas condições de trabalho, não respeito aos direitos dos terceirizados” afirmou Eliana Silva, pesquisadora em Ciências Econômicas. “A terceirização é um fenômeno antigo na Petrobras, que a cada ano se intensifica, podendo ser tratada como uma forma disfarçada de privatização”, conclui.

A luta contra as terceirizações e pelos direitos dos trabalhadores terceirizados vem sendo um dos principais temas dentro dos sindicatos dos petroleiros de todo o Brasil. A batalha por uma condição digna de trabalho e pelo respeito à vida, passa pela unidade entre trabalhadores próprios e terceiros, para que a Petrobrás reassuma os seus compromissos como empresa estatal.

“A eventual reversão desta tendência à terceirização geral de atividades talvez se some a algo muito maior, que é a luta contra a precarização do trabalho em geral, precarização da vida. Contudo, esta é uma luta geral de todos os trabalhadores, efetivos ou terceirizados” conclui Eliana Silva em sua pesquisa.