FNU/CUT
São Paulo, 28 de Março de 2014
À Exma Sra. Presidenta da República Dilma Rousseff,
Nós, trabalhadoras e trabalhadores eletricitários paulistas, desde 1999, sofremos os impactos negativos do fracionamento da Companhia Energética de São Paulo (CESP) em seu processo de privatização.
Fomos forçados a conviver cotidianamente com a terceirização que mata e mutila, com a precarização das condições de trabalho, com a ampliação dos acidentes no setor, com a ampliação da rotatividade, com o esmorecimento da consciência de classe da categoria que é cada vez mais pressionada por produtividade em escalas de trabalho desumanas, sob assédio moral em um clima que beneficia o comportamento individualista e competitivo.
Lutamos para que o sistema elétrico seja mantido sob o controle do estado. Acreditamos que é um setor estratégico ao desenvolvimento nacional – patrimônio do povo brasileiro – que deve, sobretudo, salvaguardar: os interesses do bem comum com tarifas justas, acesso universalizado e qualidade, o respeito ao meio ambiente e comunidades, os direitos conquistados pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores em sua luta.
Buscamos de todas as formas estreitar o diálogo com o Governo Federal, pela criação de um canal de comunicação a exemplo do que foi conseguido na luta das trabalhadoras e dos trabalhadores petroleiros, aeroviários e portuários.
Não conseguimos, mas ainda é tempo. É tempo de cancelar o Leilão da Usina Hidrelétrica Três Irmãos, que é a primeira a ser licitada sob a égide da Lei 12.783/13, mas que impactará futuramente mais de 7 mil trabalhadoras e trabalhadores, promovendo mais um processo doloroso de reestruturação e perda de nossa história de luta e mobilização, além das mortes com a precarização das condições de trabalho.
É tempo de ser a transformação que desejamos para a sociedade que queremos construir. É tempo de reconhecermos o valor da luta histórica das trabalhadoras e dos trabalhadores que constroem esta nação e promovem o seu desenvolvimento. Dia após dia estamos nas usinas de geração, nas centrais de atendimento, nas grandes linhas de transmissão e nos postes das ruas desta grande nação, levando luz ao povo.
É tempo de reaproximação com aqueles que acreditam e confiam no governo dos trabalhadores, que engrossaram as fileiras nos momentos difíceis para a defesa do estado popular e democrático, para não sermos mais dos mesmos.
Esta é a hora.
Consideramos que assegurar no edital de licitação da usina que a operação seja realizada, “preferencialmente”, por trabalhadores que exerçam suas funções no referido empreendimento é MUITO POUCO, NÓS QUEREMOS MAIS, QUEREMOS RESPEITO À NOSSA LUTA.