Milhares de manifestantes mantiveram nestes domingo (06) e segunda (07) a vigília na Praça Tahrir, no Cairo, mesmo depois de iniciado o processo de negociação entre o governo do presidente egípcio…
Milhares de manifestantes mantiveram nestes domingo (06) e segunda (07) a vigília na Praça Tahrir, no Cairo, mesmo depois de iniciado o processo de negociação entre o governo do presidente egípcio, Hosni Mubarak, e a oposição. Nas negociações, que começaram no 13º dia de protestos pela renúncia de Mubarak, o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, ofereceu a criação de um comitê para estudar reformas constitucionais.
Os grupos opositores, no entanto, incluindo a Irmandade Muçulmana, reagiram com cautela à oferta. Alguns líderes oposicionistas afirmaram que estão céticos sobre as boas intenções do governo e que pediram uma série de medidas para restaurar a confiança entre os dois lados. Foi a primeira vez que representantes do governo e da Irmandade Muçulmana – uma organização que é declarada ilegal no país – conversaram.
A TV estatal informou ter sido definida a criação de um comitê, formado por juristas e figuras políticas, incumbido de sugerir mudanças constitucionais. Os participantes também teriam condenado a interferência externa na resolução da crise no Egito e teriam dito que irão trabalhar por uma transição de poder pacífica.
As exigências, porém, são mais amplas, como o fim imediato das leis de emergência, que vigoram no país há 29 anos, dando poderes de repressão ao Estado, e o fim do que a oposição chama de "incentivo à intimidação" na televisão estatal.
Depois de quase duas semanas de protestos, Mubarak – no poder desde 1981 – insiste em permanecer no governo. No entanto, em rede nacional, o presidente informou que não irá se candidatar à reeleição em setembro. Ele fica, porém, no poder até dezembro, quando há a transmissão de cargo para o sucessor.
Ontem, os bancos no Egito reabriram, depois de uma semana fechados, e longas filas se formaram. Em decorrência de temores de que a população tente sacar o dinheiro depositado em contas, o Banco Central decidiu liberar parte de suas reservas de US$ 36 bilhões para cobrir as possíveis retiradas.
A direção do Banco Central do Egito assegurou que todas as transações serão honradas. O governo tenta reanimar a economia do país, que, segundo estimativas, está perdendo pelo menos US$ 310 milhões por dia devido à crise. No sábado (05/02), Mubarak convocou uma reunião de emergência com a equipe econômica em busca de medidas para evitar o agravamento da crise política que se estendeu para a economia.
Enquanto isso, a praça Tahrir do Cairo continua ocupada pelos manifestantes, que exigem que as negociações entre o regime e a oposição inciadas no domingo não deixem de lado o objetivo de que Mubarak, no poder há 30 anos, deixe a presidência.
O presidente americano, Barack Obama, destacou no domingo que o Egito passa por uma mudança política e defendeu a instauração de um "governo representativo" no país árabe, mas não pediu a saída imediata de Mubarak, um aliado de longa data de Washington. "Só ele sabe o que vai fazer. Não vai tentar a reeleição. O mandato termina este ano", declarou Obama em entrevista ao canal Fox News, ignorando o clamor do povo egípcio.