Egito é marcado por 17º dia de protestos e greves em todo o país

A adesão de milhares de trabalhadores aos movimentos de greve no Egito é a principal marca do 17º dia de protestos contra o ditador do Hosni Mubarak…





 Vermelho

A adesão de milhares de trabalhadores aos movimentos de greve no Egito é a principal marca do 17º dia de protestos contra o ditador do Hosni Mubarak. Trabalhadores de diversos setores iniciaram greves em todo o país, incluindo funcionários do setor petrolífero, ferroviário e de telecomunicações. As mobilizações por melhores salários elevam a pressão pela renúncia imediata de Mubarak.

Milhares de manifestantes continuam na praça Tahrir, no centro do Cairo, prometendo não desistir até que o mandatário, que está há 30 anos no poder, deixe o cargo. 

Organizadores prometeram um novo megaprotesto para esta sexta-feira (11), esperando repetir o de terça (8), que levou mais de 250 mil pessoas para a praça e ajudou a revitalizar o movimento. 

Khaled Abdel-Hamid, falando em nome de uma coalizão de grupos que estão por trás dos protestos, disse que eles querem que os egípcios apareçam em seis manifestações diferentes nas principais praças do Cairo, de onde marcharão para a Tahrir, que tem sido o epicentro das demonstrações. 

Desde terça-feira (8), protestos pedindo pela renúncia de Mubarak têm se espalhado para fora da praça Tahrir. Greves também surgiram em diversos setores — entre ferroviários e funcionários de ônibus, energia elétrica e técnico no canal de Suez, em fábricas têxteis, de aço e bebidas e hospitais. 

Testemunhas viram centenas de médicos em jalecos brancos marchando a partir do hospital Qasr el-Aini até a praça, cantando: "Juntem-se a nós, egípcios". 

As greves estão sendo realizadas apesar de um alerta feito pelo vice-presidente Omar Suleiman de que chamados por desobediência civil são "muito perigosos para a sociedade". As classes baixas são muito dependentes do transporte público e a greve ameaça ser um novo golpe contra uma já duramente atingida economia. 

Ali Fatou, um motorista de ônibus no Cairo, disse que os ônibus foram trancados nas garagens e não serão tirados de lá "até que alcancemos nossas demandas", que incluem aumento salariais. Ele afirmou que organizadores pediram para todos os 62 mil funcionários em transporte aderirem ao protesto. 

Mustafa Mohammed, 43, motorista de ônibus desde 1997 e que recebe cerca de 550 libras egípcias (R$ 154), disse que os egípcios merecem uma vida melhor. 

"Estamos imersos em dívidas", afirmou ao aderir a um protesto do lado de fora de um prédio governamental. "Vamos ficar até que nossas demandas sejam atendidas. Se não forem atendidas, iremos para a Tahrir e acampar lá." Ele disse que o governo enviou um sênior funcionário para "nos jogar um osso" com um bônus de férias, mas que isso não é o suficiente.

Fortuna x pobreza

Os egípcios têm se enfurecido com reportagens de jornais de que a família de Mubarak acumulou uma fortuna de milhões, talvez bilhões de dólares, enquanto, segundo o Banco Mundial, cerca de 40% dos 80 milhões de habitantes do país vivem abaixo ou perto da linha da pobreza, com US$ 2 por dia. 

Os manifestantes que enchem as ruas do Cairo e de outras cidades desde 25 de janeiro já representam o maior desafio ao regime autoritário de Mubarak desde que ele chegou ao poder, em 1981.