A gestão Pedro Parente reajustou os preços da gasolina e do diesel nas refinarias pela quarta vez consecutiva nesta semana. Com isso, o preço final do litro para o consumidor aumentou em média quase 1% em relação à semana anterior, atingindo R$ 4,257 nas bombas, a nova máxima do ano.
Desde que implantou, em outubro de 2016, uma nova política de preços, obrigando a Petrobrás a praticar a paridade com o mercado internacional, Parente vem prejudicando a população brasileira e beneficiando as importadoras de derivados. Só no último ano, ele aumentou os preços da gasolina em cerca de 50%, segundo levantamento da Fecombustiveis. Paralelamente a isso, os gestores reduziram a carga das refinarias, que estão operando com 75% da capacidade em vários estados do País.
Quem ganha com isso são as importadoras de combustíveis. Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Quem mais perde é o consumidor, que está pagando 17% a mais no preço médio da gasolina, 18% a mais no litro do diesel e 26% a mais pelo botijão de gás de cozinha, quando a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses é de 2,68%.
“Esse é o resultado desastroso da gestão golpista de Pedro Parente, que diminuiu o papel do Estado e passou a incentivar o investimento privado. É evidente que essa política tem prejudicado o consumidor e a Petrobras, que está perdendo mercado. O objetivo é atrair o capital estrangeiro para privatizar o setor de refino do Brasil”, explica o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Privatização das refinarias prejudica ainda mais o consumidor
O quadro só vai piorar com a privatização das refinarias e dos dutos e terminais da Transpetro. “Se o refino e o transporte de derivados passarem para a iniciativa privada, o governo brasileiro perde a possibilidade de controlar o preço do combustível que chega nas bombas dos postos. Com o refino nas mãos das empresas privadas findam-se as possibilidades de garantir desenvolvimento nacional e preços baixos aos consumidores, já que a lógica deixa de ser o bem estar social e passa a ser a do mercado”, explica Juliane Furno, doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp (saiba mais aqui).
Para barrar esse desmonte, os petroleiros aprovaram uma greve nacional, cujo calendário de ações foi definido pela FUP e seus sindicatos na última quinta-feira, 17. Entre os principais eixos da greve estão a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, a retomada da produção interna e o fim das importações da gasolina e outros derivados de petróleo (saiba mais aqui).
Brasil tem uma das gasolinas mais caras do mundo
Levantamento feito pela consultoria Air–Inc, em fevereiro deste ano, já apontava o Brasil como a segunda gasolina mais cara entre os 15 países que mais produzem petróleo no mundo. Os combustíveis impactam diretamente no valor dos transportes públicos e dos fretes rodoviários, que refletem nos preços dos alimentos e dos produtos industrializados.
Em 2017, o Brasil foi o maior produtor de petróleo da América Latina, superando o México e a Venezuela. Mas, mesmo assim, o preço da gasolina ao consumidor final bateu recordes de aumento.
De volta aos anos 90
Nos anos 90, vimos as consequências dessa política, quando a gasolina brasileira chegou a ser cotada entre as 20 mais caras do mundo. Para se ter uma ideia, entre 1995 e 2002, o preço do combustível sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. De 2003 a 2015, o reajuste foi de 45%, uma média de 3.75% ao ano.
Até 2003, a Petrobrás reajustava mensalmente os seus preços. Nos governos Lula, passou a exercer uma política de preços que levava em consideração tanto o mercado externo, quanto o interno, preservando os interesses nacionais e as necessidades da população.
Agora, quando o preço do barril já gira em torno de US$ 80,00, a gestão golpista da Petrobrás insiste em praticar a paridade de preços com o mercado internacional, sem estabelecer mecanismos de proteção para o consumidor.
“Nos governos Lula e Dilma, as nossas refinarias estavam a plena carga, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população. Agora, por uma decisão do governo, a Petrobrás reduziu drasticamente a carga processada em nossas refinarias e o país aumentou a importação”, denuncia o coordenador geral da FUP.
“Da forma como está, se a OPEP resolver fechar as torneiras amanhã, os consumidores brasileiros vão pagar o preço e não saberão disso”, explica José Maria Rangel, destacando que em diversos momentos da história a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) interferiu na economia mundial, controlando o valor do barril de petróleo. “Essa política de Temer e Parente deixará o Brasil de novo completamente vulnerável a qualquer problema internacional”, lamenta.
[FUP]