O triste e trágico episódio do submarino argentino ARA San Juan, desaparecido há mais de uma semana no fundo do mar do Atlântico Sul, com 44 tripulantes a bordo, traz à tona uma série de questões relacionadas à segurança que devem servir de alerta para os gestores da Petrobrás. Há fortes indícios de ter ocorrido uma explosão a bordo da embarcação, com base em sinais capturados no dia 15 de novembro, horas após a última comunicação que a tripulação fez com a base naval.
Especialistas e familiares dos marinheiros denunciam cortes de investimentos em manutenção de equipamentos e falta de treinamentos. O comandante da embarcação chegou a comunicar à base naval que havia detectado um problema nas baterias, o que poderia produzir gases instáveis e possivelmente uma explosão. As baterias do ARA San Juan já vinham apresentando problemas antes mesmo da embarcação submergir.
Reportagem da Reuters denuncia que, além de cortes de investimentos, a frota de três submarinos argentinos vinha passando por redução de treinamento por parte de seus tripulantes. Em 2014, a equipe passou somente 19 horas submersa, quando o mínimo seriam 190 dias “para cumprimento de necessidades operacionais e de treinamento”, segundo especialistas ouvidos pela agência internacional de notícias.
Estaríamos, portanto, diante de uma tragédia anunciada. Realidade muito parecida com a que os trabalhadores da Petrobrás vivem nas unidades operacionais, que estão à beira de um acidente de grandes proporções. Incêndios, explosões, vazamentos de gás e tantas outras situações de risco que os petroleiros enfrentam nas refinarias, plataformas e terminais apontam a gravidade dos cortes de investimentos em Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS) feitos pela atual gestão.
Várias unidades sofrem com o sucateamento e falta de manutenção, sem falar na drástica redução de efetivos provocada pela saída em massa dos petroleiros que aderiram aos PIDVs e que foi agravada pelos estudos de O&M (Organização e Método) que estão sendo implementados nas refinarias, à revelia dos trabalhadores. Soma-se a isso o absurdo descaso dos gestores com as normas de segurança, como é o caso da NR-20, cujos procedimentos de Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis são rotineiramente descumpridos.
A FUP e seus sindicatos vêm alertando a empresa e os órgãos fiscalizadores para os riscos iminentes de uma tragédia anunciada. Se os alertas feitos pelos marinheiros argentinos tivessem sido respeitados pelo governo, o destino dos 44 tripulantes do San Juan seria outro. Que essa triste e lamentável história sirva de alerta para os gestores da Petrobrás.
FUP