Alguém precisa avisar ao presidente da Petrobrás que a indústria de petróleo mata, que 356 petroleiros morreram nos últimos 20 anos em acidentes de trabalho e que fechar o balanço da empresa neste momento de crise é importante, mas preservar vidas é fundamental. Em menos de um mês, foram 12 vidas perdidas em acidentes que poderiam ter sido evitados, se a segurança dos trabalhadores fosse um bem tão valioso para os gestores quanto os indicadores econômicos.
Aldemir Bendine talvez desconheça essa absurda realidade e, provavelmente, também não tenha noção dos riscos que vivem os petroleiros nas áreas operacionais, onde as gerências fazem o que bem entendem, descumprindo normas de segurança e a legislação, sem que nada lhes aconteça. Enquanto isso, os trabalhadores são mutilados e mortos em acidentes.
A FUP espera que o novo presidente da Petrobrás aponte mudanças estruturais na gestão da empresa, principalmente no que diz respeito ao SMS. É preciso por um ponto final na autonomia absoluta que gozam as gerências, há décadas protegidas pela direção da empresa, como se fossem uma espécie de casta. É essa cultura de desmandos que impede avanços na política de segurança e abre caminho para a corrupção. Já passou da hora da Petrobrás romper com essa herança que remonta aos tempos da ditadura.
Vidas em vão?
Há anos o movimento sindical denuncia problemas graves e estruturais na política de SMS da Petrobrás, inclusive as condições de trabalho e de fiscalização nas empresas contratadas. Em menos de um mês,, 12 trabalhadores morreram em acidentes na empresa. Uma sequência de mortes que se arrasta há décadas e que precisa urgentemente ser estancada, com medidas efetivas de prevenção de acidentes.
02/03 – José Edvando Silva do Nascimento, 48 anos, supervisor de manutenção da Usina de Biodiesel de Quixadá, morreu em acidente a bordo de um taxi que o transportava para a unidade junto com outro técnico da usina, que também foi ferido no acidente, mas não corre risco de morte.
22/02 – Rodrigo Antônio de Oliveira, 41 anos, supervisor de operação da Termoelétrica Barbosa Lima Sobrinho (RJ) morreu, após 11 dias internado com queimaduras em 60% do corpo. Ele foi atingido por condensado de vapor em alta temperatura, durante acidente, causado por vazamento de gás no dia 11/02.
20/02 – Leonardo Resende, 28 anos, vigilante da empresa Servis que prestava serviços na Rlam (BA), morreu em acidente rodoviário, em seu horário de trabalho, quando transportava um colega para um hospital em Candeias. Apesar do deslocamento do vigilante ter sido autorizado pela Segurança Patrimonial da refinaria, a Petrobrás está omitindo o acidente de suas ocorrências.
11/02 – explosão na FPSO Cidade de São Mateus (ES), com 74 trabalhadores a bordo, mata 09 petroleiros e deixa 26 feridos. O processo de resgate dos corpos durou 21 dias e foi finalizado no dia 02/03, com a localização da última vítima fatal, presa nas instalações da plataforma.
Fonte: FUP